Motorista de aplicativo é baleado e morre sem conseguir fazer exame

Era o último dia como motorista de aplicativo, e o que encerraria um ciclo " Vagner Santos Ferreira, de 39 anos, havia decidido que passaria a transportar mercadorias " acabou se transformando numa grande tragédia.
Na noite de segunda-feira, Vagner foi baleado na cabeça após sofrer um assalto em Senador Camará, na Zona Oeste. Socorrido, foi levado para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, onde foi constatado que precisava de uma tomografia. Como o hospital não tinha equipamento adequado para seu peso, cerca de 142kg, o enviou para o Getúlio Vargas, na Zona Norte.
Em estado grave, o motorista percorreu, deitado na maca de uma ambulância, uma distância de 40 quilômetros (ida e volta entre os dois hospitais)para tentar ser submetido ao exame. Sem sucesso. Seis horas depois, ele morreu.
" Meu irmão morreu sem receber socorro. Ficou seis horas em cima de uma maca, sangrando. Acompanhei tudo isso, estive nos dois hospitais. Inclusive, cheguei no Getúlio Vargas primeiro do que a ambulância que o trouxe. O pessoal do Albert Schweitzer informou que lá no Getúlio (Vargas) tinha o aparelho (tomógrafo) para fazer o exame. Levaram o Vagner para lá. Nem tiraram ele da ambulância. Ninguém olhou ele " lamentou o irmão Vanderson Santos Ferreira.
Em nota, a Secretaria municipal de Saúde, responsável pelo Albert Schweitzer, disse que não há tomógrafo para obesos na rede municipal e que Vagner "foi estabilizado e entubado antes de ser transferido para o Getúlio Vargas para ser avaliado por um neurocirurgião, porque o hospital é referência para neurocirurgia".
Já a Secretaria estadual de Saúde, também em nota, afirmou que a transferência foi feita sem aviso ao Getúlio Vargas. Informou que o tomógrafo da unidade não tem capacidade para atendimento de obesos, mas que o paciente foi atendido no hospital por um neurocirurgião. Disse ainda que "Vagner foi retirado do Getúlio Vargas para retornar para o Albert Schweitzer por iniciativa do município".