Com um a menos, botafogo vence la u e avança às oitavas de final da libertadores
Noite mística
Noite mística
Místico. Assim pode ser resumido o cenário vivido pelo Botafogo ontem, na vitória por 1 a 0 sobre a Universidad de Chile, que classificou o time para as oitavas de final da Libertadores e eliminou os chilenos. Com o título de 2024, conquistado em Buenos Aires, prestes a completar seis meses, a sensação de quem esteve no Nilton Santos foi a de que o alvinegro finalmente conseguiu dar ao seu torcedor uma impressão parecida com a vivida naquele dia 30 de novembro, no Monumental de Núñez, na Argentina. Não só pelo contexto decisivo da partida, digna do termo "mata-mata", mas também pelo cenário dentro dos 90 minutos.
Afinal, quando Jair foi merecidamente expulso aos 27 minutos do primeiro tempo por entrada violenta em Aránguiz, qual dos 34 mil botafoguenses presentes no estádio ontem não torceu para que, ao fim dos 90 minutos, pudesse comemorar uma vitória heróica como a daquela final contra o Atlético-MG, quando Gregore levou cartão vermelho no início? Principalmente quando o capitão Marlon Freitas, da mesma forma que fez naquela decisão em solo argentino, reuniu os dez remanescentes em campo e pediu que jogassem também pelo jovem companheiro de apenas 20 anos.
" Uma coisa que já está enraizada no nosso dia a dia é a questão da família. E, nela, você não pode deixar ninguém para trás. Foi assim no ano passado, e hoje (ontem), novamente. Estamos encarando isso (a Libertadores) como nosso sonho. Para realizar um sonho, é nas dificuldades e nos momentos difíceis que você tem que se unir. Aqui no Botafogo, ninguém fica para trás. Falei ali na hora: "vamos fazer mais uma vez". E nós fizemos. Objetivo concluído " e agora, bora para as oitavas " disse Marlon.
E não foram só os jogadores que repetiram o feito do ano passado. Chamado de covarde após o clássico contra o Flamengo, por suposta falta de ofensividade da equipe, o técnico Renato Paiva, tal qual Artur Jorge, foi corajoso ao não realizar substituições para remontar o sistema defensivo. Em vez disso, o comandante levou Gregore para a zaga. E logo foi premiado. Dez minutos depois, aos 37, Savarino recebeu passe em profundidade pela esquerda e cruzou para Igor Jesus cabecear e marcar o gol da vitória do Botafogo.
" As pessoas têm o direito de opinar em relação a mim, mas isso não pode e não deve influenciar naquilo que é o meu trabalho. Tínhamos que ser inteligentes e estar preparados para fazer isso. O Jair foi expulso relativamente cedo, mas tinha que acreditar na ideia e manter os jogadores que acreditei para começarem o jogo. Quando sai o gol, obviamente a tentação era segurar o 1 a 0. Mas eu nunca fui e nunca serei covarde. Senti a equipe bem e não quis mexer " afirmou Paiva.
Sob olhar de Ancelotti
O centroavante, aliás, teve atuação tão decisiva quanto a de Luiz Henrique, craque do time na temporada passada e que compareceu ao Nilton Santos ontem para apoiar os ex-companheiros. Além do Pantera, outro que certamente aprovou o desempenho do camisa 9 foi Carlo Ancelotti. Em sua primeira agenda referente aos clubes brasileiros desde que assumiu a seleção, o técnico italiano pôde acompanhar, de uma das cabines do estádio, o melhor desempenho de Igor " que, embora não tenha sido convocado pelo treinador, foi lembrado na pré-lista " com a camisa do Botafogo.
Por mais que, de acordo com membros da comitiva da CBF, Ancelotti tenha esboçado poucas reações ao longo da partida " os comentários ficaram restritos ao auxiliar Paul Clement e ao diretor Rodrigo Caetano ", é possível afirmar que, diante de todo esse contexto, o Botafogo fez jus à presença do treinador. Enquanto a torcida alvinegra protagonizou linda festa, o time, dentro dos 90 minutos, entregou emoção, solidez tática e qualidade individual. O objetivo, agora, deve ser repetir atuações como essa com maior consistência " não só em noites místicas de Libertadores, mas ao longo de toda a temporada.