Azul tem primeira audiência da recuperação nos eua
O Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York realizou ontem a primeira audiência ...
O Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York realizou ontem a primeira audiência sobre o pedido de recuperação judicial da Azul nos Estados Unidos, o Chapter 11. Na sessão, a empresa apresentou as informações iniciais do seu plano de reestruturação.
Na quarta-feira, na petição inicial entregue à Corte, a Azul informou ter dívidas de US$ 9,57 bilhões (cerca de R$ 54 bilhões), entre mil a cinco mil credores, como mostrou a coluna Capital, do GLOBO. Com a reestruturação, a empresa pretende eliminar US$ 2 bilhões em dívidas.
Os detalhes da situação financeira da Azul ainda terão que ser apresentados ao tribunal, que atualmente também conduz a recuperação da Gol e já julgou os casos de Latam e Avianca.
A companhia solicitou prazo adicional de 45 dias para a entrega de todos os documentos financeiros exigidos no processo. O prazo, que venceria 14 dias após o pedido, foi prorrogado até 26 de julho. A Azul alegou que o volume de informações é elevado e destacou que extensões semelhantes foram concedidas a outras companhias aéreas julgadas no mesmo tribunal.
Na audiência, a Azul apresentou as primeiras solicitações de proteção ao juiz, como a autorização para manter pagamentos operacionais, garantia de uso do caixa durante o processo e aprovação de um financiamento emergencial (DIP). Os pedidos são chamados de First Day Motions (Moções do Primeiro Dia).
A reestruturação inclui US$ 1,6 bilhão em financiamentos e US$ 950 milhões em novos aportes de capital. Também envolve medidas de cortes de custos, como redução da frota futura em 35%.
Em documentos entregues ao tribunal de Nova York, aos quais O GLOBO teve acesso, a Azul afirma que a crise iniciada na pandemia se agravou no ano passado com a disparada do dólar, os juros elevados, o aumento de ações judiciais e o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul, que paralisaram o Aeroporto Salgado Filho, importante ponto de conexão dos voos da companhia.
Em declaração assinada por Fabio Barros Franco de Campos, diretor institucional e corporativo da Azul, a companhia informa que o Congresso aprovou em 2024 um pacote de ajuda financeira ao setor aéreo, mas o dinheiro não chegou.
SEM AJUDA DO GOVERNO
Em agosto do ano passado, o Congresso aprovou R$ 5 bilhões para socorrer as aéreas por meio do Fundo Nacional da Aviação Civil (Fnac), lei sancionada no mês seguinte pelo governo. "No entanto, o financiamento público ainda não foi liberado pelo governo e não estará disponível enquanto durar o processo de Chapter 11", afirmou a Azul à Justiça nos EUA.
Em nota, o Ministério de Portos e Aeroportos afirmou que os recursos devem estar disponíveis às companhias aéreas somente no final de setembro.