Festa no ‘muro dos 30’ marca a maratona do rio, edição 2025
correria
correria
O quilômetro 30 de uma maratona é conhecido como o "muro dos 30". É quando os atletas experimentam um declínio significativo no desempenho, devido à fadiga física e mental. Por isso, nas maratonas mundo afora, é o ponto em que há grande concentração de torcedores, animadores, amigos, familiares e a turma do treino dando apoio moral aos corredores.
Na Maratona do Rio, maior festival de corridas de rua da América Latina, com 60 mil atletas disputando provas de quinta-feira até ontem em meio às paisagens cariocas, o km 30 reuniu, além dos os torcedores, corredores das provas anteriores, em uma espécie de resenha final e definitiva da prova, disputada desde 1979.
Ana Laura dos Santos e Maiara Rangel, que no sábado correram 21 km, estavam do outro ontem. Com a treinadora Letícia Santos, se instalaram no KM 30 para incentivar os colegas da equipe de corrida, que tinham feito o mesmo por elas na véspera. Letícia, que tinha perdido a voz de tanto gritar na Maratona do Rio em 2023, comprou um megafone e estava à vontade na função. Levou até banquinho para ganhar altura no cantinho da pista.
" Este é um dos pontos em que as pessoas desistem mesmo... E estamos aqui para incentivar. Não só os nossos alunos, mas todos os corredores. Quando acabam a corrida, dizem que esse incentivo fez a diferença. Completar uma maratona é um sonho " disse Letícia, que distribuiu paçoca e bananada para quem precisou de uma energia extra. " A energia que recebemos de volta não dá para explicar.
Ela comentou que a equipe tinha ainda tenda pós-prova e mais um ponto de encontro em Botafogo, pertinho do final.
" É importante para eles saberem que estamos juntos.
E não tem corredor que não se anime. Mesmo cansados, abrem sorrisos com a festa da torcida. Tem gente que levanta cartaz, que aplica pomada nos que sentem dor, entrega guloseimas precisa, ou apenas estende a mão para um "toca aqui".
Daniele Fiuza, moradora do Leblon, estava sentada em uma cadeira de praia na altura do posto 12, vendo a Maratona do Rio passar. Eram 7 horas de domingo e ela aguardava pacientemente a amiga Debora Biolchini, que encarava os 42 km pela primeira vez. Com um olho na pista e outro no celular, Daniele acompanhava a performance de Debora em um aplicativo para não perder o momento exato em que a amiga alcançaria o quilômetro 30.
" Esta é a parte mais difícil para o corredor, a reta final da maratona. Ter alguém nos esperando pelo percurso dá uma força no psicológico, algo essencial nas provas longas. Fica na cabeça que ela vai chegar aqui e que eu estarei esperando. Tem muito valor. " disse Daniele, que corre meia-maratona mas, machucada, não participou do evento deste ano. " A gente sempre teve esse sonho de correr uma maratona e ela está completando hoje. Estou emocionada.
Além do carinho de Daniele, Debora teve apoio em outros dois locais da Maratona do Rio: em Copacabana e no quilômetro final, no Aterro do Flamengo, onde sua filha a aguardava, emocionada.
Quenianos e etíope
Neste domingo, os pódios das elites masculina e feminina receberam cinco atletas do Brasil. Entre os homens, os quenianos Joshua Kogo (2h14min18) e Josphat Kiprotich (2h15min14) foram campeão e vice, respectivamente. Justino Pedro da Silva, bicampeão da prova (2021 e 2022), garantiu o terceiro posto (2h19m35), seguido dos também brasileiros Ederson Vilela Pereira (2h21m38) e Givaldo Sena (2h23m22).
Justino comemorou a volta por cima: no ano passado ele "quebrou" no KM 20 e teve de abandonar:
" Estou muito feliz com o pódio. Meu foco era ganhar ou estar entre os cinco " comentou Justino, que não havia completado uma maratona em 2025. Em abril, em Porto Alegre, ele abandonou no quilômetro 25.
No feminino, a vencedora foi a etíope Zinash Debebe Getachew (2h34min58), à frente da brasileira Amanda Aparecida de Oliveira (2h39m18), das quenianas Naum Jepchirchir (2h3945) e Rael Boiyo (2h43m11) e de mais uma brasileira, Rejane da Silva.