Ipca-15: alimentos têm 1ª deflação após 9 meses
A inflação medida pelo IPCA-15 " prévia do índice oficial que serve de parâmetro para as ...
A inflação medida pelo IPCA-15 " prévia do índice oficial que serve de parâmetro para as metas de inflação " desacelerou pelo quarto mês consecutivo e foi de 0,26% em junho, contra 0,36% em maio. O alívio nos reajustes de preços de alimentos se intensificou e o grupo teve a primeira deflação depois de nove meses consecutivos de alta. Caíram os preços do tomate, do ovo e do arroz. O recuo da gasolina também ajudou a puxar o índice para baixo. Por outro lado, o acionamento da bandeira vermelha encareceu as contas de luz, o item que mais influenciou o resultado do mês, e pressionou para cima o resultado do grupo Habitação.
O resultado do IPCA-15 de junho ficou abaixo do esperado pelos analistas de mercado, que projetavam 0,30%. No acumulado em 12 meses, o índice baixou para 5,27%, contra 5,40% em maio, na primeira desaceleração desde setembro do ano passado.
Apesar de o índice ter surpreendido positivamente, a inflação acumulada segue muito acima do centro da meta de 3% para este ano estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CNM) e do teto de 4,5%. O estouro da meta anual se dá até mesmo quando se considera apenas a taxa acumulada no primeiro semestre do ano. De janeiro a junho, o IPCA-15 acumulado é de 3,06%.
Economistas avaliam que, embora a prévia da inflação de junho divulgada ontem pelo IBGE indique certo alívio, o cenário segue desafiador, com a economia mais aquecida do que o esperado.
Dos nove grupos pesquisados, sete tiveram alta em junho, com destaque para a Habitação (+ 1,08%). A energia elétrica residencial subiu 3,29% e foi o item que mais pesou, depois que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acionou a Bandeira Vermelha Patamar 1, com cobrança adicional de R$ 4,46 a cada 100 kW/h (quilowatt-hora) consumidos. Também subiram Vestuário (+0,51%), Saúde e cuidados pessoais (+0,29) e Despesas pessoais (+0,19%).
dúvida sobre serviços
A inflação do grupo Alimentação e Bebidas recuou 0,02%, após nove meses consecutivos de alta. Alimentação no domicílio teve deflação de 0,24%, com as principais quedas nos preços do tomate (-7,24%), do ovo de galinha (-6,95%), do arroz (-3,44%) e das frutas (-2,47%). No lado das altas, destacaram-se a cebola (+9,54%) e o café moído (+2,86%).
No grupo Transportes, os combustíveis recuaram 0,69% em junho (ante alta de 0,11% em maio), com quedas nos preços da gasolina (-0,52%), do etanol (-1,66%), do óleo diesel (-1,74%) e do gás veicular (-0,33%).
" No geral, a gente deve observar um IPCA bem comportado nos próximos meses. Tem ainda uma dúvida em relação à desaceleração de serviços para o restante do ano, em função do mercado de trabalho, que ainda está forte, com dados que surpreendem constantemente. Por isso, imaginamos que a chance de o Banco Central (BC) cortar juros este ano é muito baixa. Somente no ano que vem a gente pode começar a pensar em algum corte. " diz Flávio Serrano, economista-chefe do Banco BMG, que prevê IPCA de 0,25% no mês.
PREVISÕES PARA A SELIC
Para Claudia Moreno, do C6 Bank, o IPCA deve fechar o ano em 5,3%, com possibilidade de ser menor, "considerando as surpresas na inflação de maio e junho". Para a economista, o BC deve manter a taxa básica de juros em 15% até o final de 2026.
André Valério, do Inter, vê possibilidade de uma inflação menor que a prevista no segundo semestre, considerando que o atual ciclo de aperto monetário ainda não foi completamente transmitido à economia, mas pondera que "um eventual início do ciclo de cortes na reunião de dezembro deste ano dependerá de uma atividade mais fraca que a esperada", disse ele.