Febre do ‘show biz’ no pós-pandemia impulsona planos de calainho
Na ânsia por cultura que lota shows e espetáculos no pós-pandemia, pouca gente está tão ...
Na ânsia por cultura que lota shows e espetáculos no pós-pandemia, pouca gente está tão bem posicionada para ganhar dinheiro quanto Luiz Calainho. Há 25 anos, o ex-vice-presidente da Sony Music começou a criar a L21 Corp, conglomerado que é o principal sócio de uma série de negócios ligados à economia criativa " de teatros e produções de musicais (Aventura) aos clubes Blue Note, do Noites Cariocas a emissoras de rádio (Mix e Nova Paradiso).
" Estamos ultrapassando R$ 1 bilhão em faturamento acumulado desde que o grupo surgiu. Mas grande parte da cifra foi registrada nos últimos quatro anos. Só em 2025, a expectativa é crescer 17%, atingindo R$ 280 milhões " contou Calainho à coluna, em um restaurante do Santos Dumont, poucas horas antes da estreia do musical "Hair", produção da Aventura encenada no Teatro Riachuelo, também operado pelo grupo.
O empresário está aproveitando o crescimento para expandir o portfólio, em uma aposta na continuidade da demanda aquecida por eventos que começou depois da Covid. O grupo está prestes a assumir mais dois teatros em São Paulo. Um deles é o Teatro Eva Herz, que fechou as portas junto com a falência da Livraria Cultura.
O espaço icônico do Conjunto Nacional será ocupado por uma loja-conceito da Magazine Luiza. Assim que fechou o contrato, Luiza Trajano " que conheceu Calainho em uma noite de autógrafos no Blue Note, no mesmo endereço da Avenida Paulista " chamou o empresário para um almoço e lhe ofereceu o teatro.
" Ela poderia simplesmente fechá-lo, mas reconheceu sua importância, mesmo admitindo que não era a expertise da Magazine Luiza " explicou.
A reinauguração está prevista para novembro, após reforma de R$ 12 milhões, dividida entre Aventura e Magalu. O plano é fazer uma transformação profunda no Eva Herz.
" Será uma experiência teatral ultratecnológica e imersiva, para conectar uma arte milenar ao que há de mais moderno. O teatro inteiro será uma grande caixa de LED, com cortinas retráteis e telas na frente de todas as poltronas, como se fosse um avião. A ideia é usá-las como suporte para os espetáculos, de legendas a conteúdos relacionados à peça " antecipou.
Entre as fornecedoras de tecnologia estará a Panasonic Avionics, que fornece as telas de entretenimento para aeronaves. O teatro também vai contar com câmeras e drones:
" Isso vai permitir a captação e transmissão em tempo real dos espetáculos. E o plano é fazer com que os camarins também sejam estruturados para fazer parte do show no palco.
A reestreia da casa será com o espetáculo "Hip Hop Hamlet", com Guilherme Leme, que adapta o clássico de Shakespeare à linguagem do rap, como Lin-Manuel Miranda fez com a história de Alexander Hamilton na Broadway.
A Aventura também venceu a concorrência para gerir o antigo Teatro Alfa, em Santo Amaro, que será transformado no BTG Pactual Hall. O espaço fará parte do Beyond The Club, clube esportivo com piscina de ondas artificiais na Marginal Pinheiros que está sendo criado pela KSM Realty (de Oscar Segall) e pelo BTG, tendo Gabriel Medina como sócio. A reforma do teatro também está orçada em R$ 12 milhões, com inauguração marcada para outubro, com "Hair".
Eva Herz e Teatro Alfa se somam à Arena B3, aberta no ano passado no antigo espaço de pregão da Bolsa, e também operada pelo grupo de Calainho.
" Todos os nossos negócios se posicionam como plataformas de comunicação para ativação e engajamento das marcas. No pós-pandemia, houve uma ampliação dramática no volume de pessoas interessadas em arte e cultura. As grandes corporações entenderam esse movimento e passaram a nos procurar " observou, acrescentando que está prestes a fechar um novo contrato de naming rights para o Teatro Adolpho Bloch, no Rio.
O empresário também está desenhando uma expansão internacional do grupo.
" Nosso sonho é levar a arte e a cultura brasileiras para o mundo. Estamos em negociações para abrir um Blue Note em Miami com foco exclusivo em música brasileira e latina. E avaliamos abrir um escritório da Aventura no West End de Londres para levar musicais brasileiros para lá " contou.
De volta ao Brasil, a L21 negocia com a RiHappy levar a EcoVilla " o espaço de teatro e recreação infantil localizado no Jardim Botânico do Rio " também para um parque em São Paulo. Outro plano, este já anunciado, é abrir um hotel butique com a marca Blue Note na Avenida Atlântica, em Copacabana, no fim de 2028.
" Será o primeiro hotel da marca no mundo. Estamos no momento de avaliar imóveis. Queremos oferecer uma experiência imersiva, com quartos temáticos, mas de maneira elegante, e ter um clube de jazz no rooftop " disse Calainho, que, por ora, prefere não revelar o nome do investidor que se associou ao projeto.