Totvs faz sua maior aquisição desde 2021 e compra linx por r$ 3 bi
Em um movimento aguardado pelo mercado, a empresa de tecnologia Totvs chegou a um acordo com a ...
Em um movimento aguardado pelo mercado, a empresa de tecnologia Totvs chegou a um acordo com a Stone para comprar a Linx, empresa de softwares de gestão para o varejo, pelo valor de R$ 3,05 bilhões. Trata-se da sua maior aquisição desde 2021, consolidando um interesse antigo da Totvs no negócio e reforçando sua estratégia de ampliar presença no varejo.
Para analistas, o movimento foi um "ganha-ganha" para ambos os lados: enquanto a Totvs fortalece seu portfólio, a Stone avança no processo de simplificação de operações. Ontem, a Stone também vendeu a SimplesVet, de sistema de gestão para clínicas e petshops para a PetLove, por R$ 140 milhões.
A iniciativa é vista pelo mercado como um esforço da Stone em focar no seu core business, de ser uma empresa de meio de pagamento e serviços financeiros para pequenos e médios empreendedores.
Ao GLOBO, o CEO da Totvs, Dennis Herszkowicz, diz que a complementaridade de portfólio com a Linx é o ponto-chave do negócio. Segundo ele, a empresa de software de gestão preenche lacunas da Totvs e amplia a sua atuação em nichos específicos do varejo, como farmácias e postos de combustíveis.
conselheiro de confiança
Ele diz que o objetivo com a aquisição é tornar a Totvs uma espécie de trusted advisor (na tradução livre, um conselheiro de confiança) do empresário brasileiro.
" Com a Linx, aumentamos nossa capacidade de impulsionar o desempenho dessas empresas, ajudando-as a crescer e a serem mais eficientes. Essa união abre um leque de oportunidades de cross-selling (venda de produtos complementares) e up-selling (oferta de versões mais completas ou avançadas de um mesmo serviço).
Com a capilaridade da Totvs e a expertise da Linx, Herszkowicz quer levar mais inovação e tecnologia a uma base maior de clientes, visando ganhos de receita, previsibilidade e resiliência aos negócios:
" Será um passo gigantesco para a Totvs e para o ecossistema de tecnologia no país.
Em 2020, a própria Totvs participou da disputa pela Linx oferecendo cerca de R$ 6,1 bilhões, mas acabou derrotada pela Stone, que fechou a compra por R$ 6,7 bilhões.
No fim do ano passado, a Totvs voltou a demonstrar interesse pela Linx, mas desistiu das negociações em fevereiro deste ano. Em abril, retomou as conversas e assinou com a Stone um termo de exclusividade para negociar a aquisição.
O objetivo da Stone quando comprou a Linx era combinar seus serviços de pagamento com os sistemas de gestão e criar uma plataforma mais robusta para o varejo, mas a integração se mostrou mais difícil do que o esperado. Agora, o negócio foi fechado pela metade do preço pago pela Stone.
Bernardo Guttmann, analista da XP, explica que a compra da Linx já era esperada pelo mercado porque a empresa sempre foi vista como uma candidata natural para assumir os ativos da empresa, especialmente após a Stone manifestar desinteresse estratégico nos últimos trimestres.
Na visão dele, a Linx fortalece a atuação da Totvs no varejo físico em setores onde a empresa ainda tinha pouca presença. A aquisição também traz sinergias comerciais, com venda combinada de soluções, e operacionais, por meio da integração de plataformas, uso de nuvem e inteligência artificial.
Simplificar a operação
Já a Stone, ao se desfazer dos dois ativos, reforça sua estratégia de simplificar a operação e direcionar recursos para áreas mais alinhadas ao seu modelo de negócio principal.
" Nesse sentido, a transação parece positiva para ambos os lados. A Totvs fortalece o seu core business, enquanto a Stone avança no seu processo de foco, de racionalização.
Analistas do Santander também viram de modo favorável a venda das duas empresas pela Stone. Eles avaliam que a operação da companhia, conhecida pelas maquininhas de cartão, deve gerar um ganho financeiro com impacto relevante no lucro deste ano, num patamar bem maior do que o que as duas empresas trariam se continuassem no portfólio.
Para o banco, a venda também "pavimenta o caminho para que uma operação de fusão e aquisição de maior porte possa acontecer", como a já especulada união com a antiga PagSeguro (hoje PagBank), conforme escreveram, em relatório.
Aval do Cade e de acionistas
Perguntado sobre como a Totvs pretende integrar as operações da Linx, Herszkowicz diz que ainda é muito cedo para definir a arquitetura das marcas, mas que sua companhia tem um histórico de fusões e aquisições muito bem-sucedido, o que dá mais segurança à transição.
A compra da Linx será financiada com o caixa da Totvs e com instrumentos de dívida ainda a serem contratados. A conclusão da transação ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e dos acionistas da Totvs.