Domingo, 17 de Agosto de 2025

Seca prejudica o escoamento de grãos pelo arco norte

BrasilO Globo, Brasil 17 de agosto de 2025

A movimentação de soja e milho nos terminais portuários do chamado "Arco Norte", no Pará e ...

A movimentação de soja e milho nos terminais portuários do chamado "Arco Norte", no Pará e no Maranhão, caiu 9% nos cinco primeiros meses do ano, ante igual período de 2024, apesar da supersafra de grãos, mostram dados compilados pela Associação de Terminais Portuários Privados (ATP). Ainda que o escoamento da safra siga até o segundo semestre, revertendo a queda do início do ano, o desempenho até maio chama a atenção para os efeitos acumulados de sucessivas secas severas, em 2023 e 2024, diz a ATP. E reforça a necessidade de melhoria na infraestrutura, com destaque para hidrovias.
" Os anos sucessivos de secas severas provocaram redução expressiva nos níveis dos rios, o que, somado à lentidão na realização das dragagens de manutenção, impôs restrições ao carregamento das embarcações. Isso afetou diretamente a eficiência do escoamento da safra " diz Murillo Barbosa, presidente da ATP.
No longo prazo, há um claro aumento da importância do Arco Norte nas exportações de soja e milho, mostram os dados compilados pela entidade. Em 2024, saíram pelos portos da Amazônia 30,9 milhões de toneladas de soja e milho, quase o triplo dos 8 milhões de toneladas de 2015.
Levantamentos da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), com metodologia parcialmente diferente, já haviam apontado essa alta, explicado pelo avanço da fronteira agrícola rumo ao norte, especialmente em Mato Grosso, maior produtor de grãos do país.
Ano passado, marcado por quebra de safra, 67,9% das produções de soja e milho foram colhidos acima do paralelo 16° Sul. A linha corta o Brasil ao meio, ligeiramente ao sul de Brasília. Acima dela, é mais vantajoso escoar pelo Arco Norte, dizem estudos da CNA.
Nível dos rios
Nas rotas do Arco Norte, o transporte hidroviário, pelos rios Madeira, Amazonas e Tapajós, é fundamental. A produção sai das fazendas no norte de Mato Grosso e segue até os rios em caminhões. Em estações de transbordo, os grãos são embarcados em barcaças que navegam em comboios, até os terminais portuários onde a carga será transferida para navios graneleiros.
Mais ao oeste, os grãos viajam por caminhão até Porto Velho (RO), de onde navegam 1 mil km pelo Rio Madeira até o Porto de Itacoatiara (AM) ou até os terminais portuários do Pará. A leste, as cargas chegam diretamente ao complexo portuário de Belém ou de São Luís (MA), por estrada e trilhos, agora que a Ferrovia Norte-Sul (FNS) foi concluída.
Por causa do papel dos rios, a seca preocupa " embora o transporte de grãos seja menos afetado que o de bens em geral, que usam contêineres. Para a ATP, é preciso enfrentar os gargalos de acesso, principalmente por rodovias e hidrovias, aos terminais de grãos nos portos de Pará e Maranhão. Para Barbosa, "o ponto mais crítico está na navegabilidade dos rios, impactada pela falta de dragagens regulares":
" A ATP tem atuado para ampliar o calado autorizado, especialmente com o projeto da Barra Norte, e tem pressionado por dragagens estratégicas, como no Rio Tapajós.
A ATP e a CNA defendem o modelo de concessões hidroviárias para enfrentar de vez os problemas causados pela seca. Nesse caso, a União repassa para operadores privados toda a gestão de transporte de determinados rios, da operação das embarcações à dragagem para garantir a navegação.
O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) trabalha na estruturação de projetos, e a concessão da Hidrovia do Rio Paraguai deverá sair na frente.
" Urge a necessidade de acelerar a outorga do Rio Madeira " diz Elisangela Pereira Lopes, assessora técnica da CNA. " Era para a do Rio Madeira ser a primeira. Agora, fala-se do Rio Paraguai como a primeira, sendo que lá se movimenta 500 mil toneladas (por ano). Não é nada perto do que se movimenta no Madeira, que são 13,5 milhões de toneladas (por ano).
edital de concessão
Segundo o MPor, a ideia é lançar o edital de concessão do Tramo Sul da Hidrovia do Paraguai ainda neste segundo semestre. A ideia é que o primeiro projeto seja "a experiência-piloto de uma política mais ampla". Apesar da infraestrutura insuficiente para chegar aos portos da Amazônia, Elisangela Lopes, da CNA, projeta que a participação do Arco Norte no escoamento de grãos para exportação dará um salto neste ano.
Segundo a especialista, a queda na movimentação nos primeiros meses do ano foi afetada principalmente pelo atraso na colheita das safras, tanto de soja quanto de milho, que adia também embarques. Tanto que, no primeiro trimestre, a queda nas exportações via Arco Norte foi maior, de 17% na comparação com um ano antes, segundo a ATP. Com o passar dos meses, o peso da supersafra se imporá, ao mesmo tempo em que a seca, ao que indicam as previsões de clima, não será tão severa.
" É preciso voltar os olhos para esses corredores porque, na medida em que algo extraordinário acontece (como a seca), ficamos reféns e temos que desviar as rotas para os corredores mais consolidados, pelos portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR) " diz Elisangela Lopes.
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