Vieira reafirma ‘perspectiva de diálogo’ lula-trump
Passados oito dias desde a declaração de Donald Trump de que houve "uma química excelente" em seu ...
Passados oito dias desde a declaração de Donald Trump de que houve "uma química excelente" em seu rápido encontro com Lula na Assembleia Geral da ONU, o ministro brasileiro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou ontem que está mantida "a perspectiva de diálogo", mas considera difícil que ocorra uma conversa entre os dois presidentes ainda esta semana, como sugeriu o americano na ONU.
A expectativa é que Lula e Trump tenham um contato telefônico antes de uma reunião presencial. Para interlocutores do governo brasileiro, há a possibilidade de um encontro no fim deste mês, na Malásia, durante a cúpula de líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
A participação de Lula será a primeira de um presidente brasileiro no evento, que também deve reunir líderes de países como EUA, China, União Europeia (UE), Rússia, Japão e Índia. Segundo o governo malaio, Trump confirmou a presença na cúpula, marcada para 26 e 28 de outubro.
" Estamos prontos e trabalhando para saber quando será esse encontro, que será em algum momento no futuro. Há uma disposição dos dois lados " disse o chanceler a deputados. " Ainda não foi combinado nenhum encontro específico, não foi combinada nenhuma viagem, seja do presidente Trump ao Brasil, seja do presidente Lula aos Estados Unidos agora, no curto prazo. Foi, sim, combinado um contato, que nós no Itamaraty, e creio que todos os cidadãos brasileiros, julgamos muito favorável para as relações bilaterais.
SEM POLÍTICA na mesa
Vieira afirmou que o governo brasileiro continuará firme em sua posição de não misturar comércio com política em uma negociação com os EUA.
" Há uma perspectiva de diálogo, mas sem jamais abrir mão da disposição naquilo que não confrontar com nossa soberania. Permaneceremos atentos " disse o ministro.
O chanceler acredita que, iniciado um diálogo bilateral, os governos dos dois países poderiam chegar a um acordo em cerca de 210 dias. Formada por Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Brunei, Vietnã, Laos, Mianmar e Camboja, a Asean reúne 680 milhões de habitantes. Com PIB agregado de US$ 4 trilhões, se fosse um país seria a quarta maior economia do mundo, atrás apenas de EUA, China e Japão. O Brasil quer o fim de barreiras não tarifárias do bloco aplicadas a produtos agropecuários e diversificar a pauta exportadora, vendendo mais aviões civis e militares, produtos de defesa e máquinas e equipamentos voltados principalmente à produção de biocombustíveis, como o etanol.
" Para ser competitivo na Asean é preciso oferecer o que os países-membros não produzem ou se beneficiar de tarifas muito reduzidas, o que ocorre no contexto de acordos de livre comércio. Os produtores de carne, que sofrem com tarifas elevadas no mercado americano, estão abrindo portas no Sudeste Asiático. É hora de dar-lhes apoio renovado na região " afirma Marcos Caramuru, ex-embaixador do Brasil na Malásia e na China.
Antes da Malásia, Lula desembarque no dia 23 em Jacarta, para retribuir a visita do presidente da Indonésia ao Brasil, Prabowo Subianto, em julho.