Martes, 25 de Noviembre de 2025

Menos da metade das estradas tem 4g. cobertura 5g não chega a 12%

BrasilO Globo, Brasil 24 de noviembre de 2025

telecomunicações

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vias DESCONECTADas
É uma cena comum nas estradas brasileiras: motoristas que viajam de uma cidade a outra perdem o sinal do celular e recorrem a mapas offline ou à memória para não errar o caminho. Mesmo com o avanço das redes de telecomunicações em boa parte das áreas urbanas nos últimos anos, a conectividade nas rodovias ainda caminha em velocidade lenta. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), apenas 47% dos 445 mil quilômetros (km) das rodovias federais e estaduais têm cobertura 4G de ao menos uma operadora. Quando se observa o 5G, de altíssima velocidade, o cenário é ainda pior: não chega a 12% da malha.
Para especialistas, o país precisa acelerar os investimentos e apertar a regulação para tentar se igualar a outros países. Nos Estados Unidos e no México, 90% das rodovias já contam com conexão. Na Ásia, a China já alcançou 80% das vias conectadas. Na Europa, a França, por exemplo, quer 100% de cobertura até 2027. Hoje, o serviço é provido pelo sinal do celular, já que o uso de soluções como satélite e redes Wi-Fi não é economicamente viável, de acordo com empresas.
Na tentativa de acelerar a conectividade, a Anatel e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) vêm trabalhando em novas regras e no aperfeiçoamento dos modelos de concessão. A Anatel estuda incluir, no próximo leilão de frequência de cobertura móvel, previsto para este ano ainda, a obrigatoriedade do serviço em parte das rodovias federais de forma escalonada, como forma de forçar as operadoras a expandirem sua infraestrutura para fora dos grandes centros urbanos.
Será a segunda tentativa, diz Nilo Pasquali, superintendente de Planejamento e Regulamentação da Anatel. Em 2021, a Winity, do Fundo Pátria, arrematou uma das frequências nacionais, mas devolveu a licença após inviabilidade operacional, deixando para trás a obrigação de conectar todas as vias federais. Pasquali antecipa que a conexão nas estradas será novamente uma das obrigações dos vencedores.
" As empresas regionais que venceram o leilão do 5G em 2021 já sinalizaram que têm interesse nessa frequência. A meta é fechar seis rodovias federais prioritárias, como a BR-101, onde faltam ainda mil quilômetros de cobertura. O prazo será de três anos para ter 100% conectados. A regra será cobertura 4G, que é a tecnologia base. O que não conseguimos dizer hoje é em quanto tempo o Brasil consegue chegar aos 100% conectados " diz Pasquali.
Roaming obrigatório
Outra frente de atuação da Anatel envolve a obrigatoriedade do roaming entre as operadoras, o compartilhamento automático de rede, nas estradas. Com isso, um motorista que viaja por uma rodovia poderia permanecer conectado mesmo fora da área de cobertura de sua operadora, utilizando a infraestrutura de outra empresa. Segundo a agência, essa resolução deve entrar em vigor até meados do ano que vem.
" A medida se tornou necessária porque as operadoras, por iniciativa própria, não avançaram em acordos de roaming fora dos grandes centros. Agora, a intenção da Anatel é tornar essa integração obrigatória, garantindo conectividade em toda a malha rodoviária. Conexão em rodovia não gera dinheiro a mais para as empresas. Quem passa pela estrada já tem seu plano de celular, mas é importante para a população " afirma Pasquali, destacando que a Anatel planeja um novo leilão em 2027.
Paralelamente, a ANTT autorizou, no ano passado, todas as concessionárias de rodovias com contratos antigos a desenvolverem projetos de conectividade. O projeto prevê que os custos extras sejam repassados aos usuários por meio das tarifas de pedágio. Além disso, desde a 4ª Etapa de Concessões, em 2018, a conexão passou a ser uma obrigação contratual regulatória, substituindo os antigos call boxes (cabines) a cada quilômetro da via. Com 26 leilões já feitos, dos quais dez neste ano, há uma obrigação de levar 100% de conexão ao longo dos primeiros cinco ou oito anos, a depender do contrato.
Segundo Felipe Fernandes Queiroz, diretor da ANTT, as regras não determinam o tipo de tecnologia. A ANTT tem 31 contratos que somam 16,1 mil quilômetros em 14 estados e no Distrito Federal. Para ele, a meta é chegar a 25 mil quilômetros de rodovias concedidas até 2030.
" Se tirar os contratos novos, que têm essa obrigação, não há uma meta estabelecida. O modelo regulatório e os contratos antigos são por adesão. Estamos criando os incentivos para que as concessionárias façam. Não faz sentido obrigar conexão se há diversos outros problemas. Embora não haja uma meta, o objetivo é colocar conectividade em toda a malha concedida.
Segundo dados da Anatel, a TIM tem hoje a maior rede em estradas. Paulo Humberto Gouvêa, diretor de Soluções Corporativas da empresa, lembra que o plano é ampliar a conexão 4G de 7,6 mil quilômetros para 10 mil quilômetros neste ano, por meio de acordos com empresas que operam no Centro-Oeste e no Sudeste. Ele cita a instalação de rede ao longo da Via Dutra:
" Entre São Paulo e Seropédica, no Rio, observamos um aumento médio de 40% no volume de dados por usuário. É um claro indicativo de alta demanda na região onde são transportados cerca de 50% do PIB nacional. A conectividade também beneficia os municípios localizados no Vale do Paraíba e Médio Paraíba (SP) e no Sul Fluminense.
Ele explica que, nos acordos com as concessionárias, a operadora fica responsável pela instalação, ampliação e manutenção dos sites, recebendo remuneração pelo serviço. O executivo diz ainda que a rede nas estradas permite atender comunidades próximas às vias e a criação de outros serviços:
" Para a concessionária, a conectividade 4G habilita uma série de aplicações, incluindo gestão de iluminação, câmeras e outras soluções de IoT (internet das coisas) e sensoriamento. Tudo isso permite uma operação mais eficiente. Cada rodovia tem suas necessidades.
parcerias para expansão
A Vivo, que mantém cobertura na BR-101, entre a capital fluminense e Campos dos Goytacazes, e na BR-040, que conecta o Rio a Petrópolis e Juiz de Fora, também está ampliando sua rede em parceria com as concessionárias. Elmo Matos, diretor de Core e Rede Móvel da tele, destaca o projeto da BR-163, no Mato Grosso, da concessionária Nova Rota do Oeste, que deverá ser concluído em dois anos e levará cobertura a 850 quilômetros entre Itiquira e Sinop, passando por municípios como Rondonópolis, Cuiabá, Nova Mutum e Sorriso.
" É uma rota estratégica para o agronegócio, logística e desenvolvimento regional. O investimento na Rodovia dos Bandeirantes, entre São Paulo e Campinas, conecta a principal metrópole do país ao interior, onde se localizam polos industriais. Ao ampliar a conectividade nesse eixo, apoiamos diretamente a mobilidade, o transporte de cargas e a operação de negócios que dependem de comunicação contínua.
A Claro, que conecta mais de 32% das rodovias estaduais e federais, também está expandindo a cobertura neste ano. Segundo a tele, serão "mais de 500 intervenções impactando diversos trechos, sobretudo nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste".
Especialistas lembram que a construção da rede está em andamento no país. Afranio Spolador, diretor de Tecnologia do grupo EcoRodovias, lembra que os primeiros contratos traziam a obrigação de Wi-Fi, mas a solução foi descartada por envolver desafios, seja pela grande quantidade de antenas necessárias, seja pela velocidade dos carros. Por isso, a empresa passou a apostar na conexão 4G: já há 100% de cobertura nessa frequência nas vias Araguaia (entre Tocantins e Goiás) e Noroeste Paulista. A solução está sendo replicada em novos contratos.
reequilíbrio de contrato
Segundo ele, a empresa já investiu R$ 130 milhões e prevê mais R$ 50 milhões. Spolador lembra que hoje há uma concorrência entre as teles. A vencedora é obrigada a fazer o investimento e abrir o roaming para as demais empresas. O executivo lembra ainda que as antenas têm autonomia de energia, seja via baterias, seja solar.
" Em geral, você acaba tendo um reequilíbrio no contrato proporcional ao investimento feito e passa a ter uma substituição das obrigações, saindo o call box e entrando o 4G.
Na Motiva (ex-CCR), que administra a Via Dutra, a expectativa é que, nos próximos três anos, cerca de 2,5 mil quilômetros de rodovias sejam beneficiados com conexão, abrangendo os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul. Hoje, a Via Dutra tem 100% de conectividade. Até o fim deste ano, a Rio-Santos também contará com o serviço, diz a companhia. Segundo a Motiva, a conectividade permite ainda a criação de novos serviços, como o uso de um aplicativo para acionar resgates médicos e mecânicos com envio automático da localização via WhatsApp, além da consulta de condições de tráfego em tempo real.
Já na Arteris, a implementação do 4G está condicionada à otimização contratual das concessões, como nos casos da BR-116/SP/PR (Régis Bittencourt) e na BR-101/RJ Norte.
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