Viernes, 26 de Abril de 2024

Tecnologia para produzir mais na mesma terra

BrasilO Globo, Brasil 23 de septiembre de 2018

agricultura sustentável/ inovação para preservar

agricultura sustentável/ inovação para preservar
A riqueza do Matopiba está na vastidão de terra plana, ideal para o maquinário da soja. E, no caso do Tocantins, na disponibilidade relativa de água. O solo é pobre e com tendência à desertificação, o que torna a agricultura local 100% dependente de tecnologia. Para José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho, pesquisador do Ipea que estuda a economia do Matopiba, isso ajuda a alcançar sustentabilidade econômica e ambiental. Já existe muita inovação, destaca Deivison Santos, especialista em recursos hídricos da Embrapa em Palmas (Tocantins). Ele cita, por exemplo, estudos sobre como aumentar a produção de soja sem irrigação de forma sustentável. O que falta é difusão.
A soja brasileira é menos produtiva que a de outros produtores mundiais. Este ano, segundo a Conab, a produtividade média da soja no Brasil foi recorde, 3,39 toneladas por hectare. Porém, no Oeste da Bahia é de 2,1 t/ha. Na Argentina, é de cerca de 5 t/ha e nos EUA, de 6,5 t/ha. Para Bernardo Strassburg, diretor do Instituto Internacional para a Sustentabilidade, o desafio é mudar a cultura do agronegócio brasileiro de aumentar produção por expansão de território:
""É preciso haver estímulo e controle porque no Brasil, quase sempre, o agronegócio explora uma área, a esgota e vai embora.
O climatologista Carlos Nobre lembra que o desmatamento é um dos maiores agentes de alteração do clima, com aumento da temperatura e redução das chuvas. Segundo ele, o Matopiba está 1,5 grau Celsius mais quente do que há 50 anos. E de 1997 a 2010, as chuvas tiveram uma redução de 5%, o que prejudica a soja. A reserva legal dá uma contribuição prática, pois reduz a temperatura local em até meio grau Celsius, o que é muito e favorece a manutenção da umidade no solo. Mas o discurso lógico, baseado em ciência, não funciona, ele diz:
" No Brasil, a agropecuária cresceu sobre o domínio da terra. É um modelo arcaico, lógica do século XVI. O negócio é a terra e não o que se produz nela. A soja brasileira ganha volume em área, mas não em produtividade. Por isso, respeitar reserva legal e áreas de proteção permanentes (nascentes e margens de rios) não tem sido a regra.
mudança de modelo
A representante do Pnud no projeto, Rose Diegues, observa que um dos grandes desafios é mudar esse modelo:
" O Cerrado é o berço das águas, importante para todo o Brasil. Queremos oferecer uma proposta diferente, de aumentar a produtividade sem exaurir os recursos e ir adiante. A meta é fixar o produtor.
No Matopiba, há espaço de sobra para produzir o dobro sem desmatar mais, afirma Arthur Bragança, pesquisador da Climate Policy Initiative Brazil, que publicou estudo recente sobre as consequências da expansão agrícola na região:
" Está mais do que na hora de o Brasil olhar para o Matopiba. Ali se gera riqueza. Agora é preciso ter desenvolvimento.
Um dos orgulhos do catarinense Eduardo Archer, que planta soja e cria gado, é a lagoa repleta de aves selvagens da fazenda que leva o nome da família em Silvanópolis (TO). A Fazenda Archer, de 4.600 hectares, está entre as primeiras selecionadas pelo projeto, pois quase a metade da área (45%) está conservada, bem mais do que os 20% de reserva legal e acréscimos de áreas de proteção permanente (APPs).
Os Archer começaram a comprar as terras há 30 anos e estão entre os primeiros produtores de soja a chegar, em sua maioria originários do Sul. Archer olha o mapa produzido pela equipe do projeto e a primeira coisa que procura são as nascentes. Tem faltado água para o gado. A produção de soja caiu. A fazenda agora recupera áreas de pastagem. Ele diz saber que o Cerrado é vital para o negócio, ajuda a superar irregularidades do clima.
" Conto com o apoio do projeto para descobrir qual o melhor caminho.
Para Santos, o Matopiba é mais que uma terra de oportunidade. É de aprendizado:
" A fronteira é o lugar de aprender com erros do passado. Temos tecnologia. É questão de vontade política.
na web
veja o vídeo: O desafio do Cerrado glo.bo/2qpxaOC
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