Comércio tem melhor setembro em dez anos
A recuperação do comércio varejista ficou mais forte em setembro. As vendas subiram 0,7% frente a ...
A recuperação do comércio varejista ficou mais forte em setembro. As vendas subiram 0,7% frente a agosto, no maior resultado para mês em dez anos, conforme informou ontem o IBGE. A alta foi disseminada. Com a injeção de recursos do FGTS, estimada em R$ 9,6 bilhões este ano, e o pagamento do 13º salário, o setor espera o melhor Natal desde 2013, antes da recessão, com as vendas subindo 4,8%.
Segundo especialistas, crédito mais longo e barato, preços em queda e injeção de recursos do PIS/Pasep explicam o desempenho mais forte em setembro.
Esse resultado é o maior para setembro desde o ganho de 1,1% visto em 2009, além de marcar o quinto mês seguido com taxa positiva. As vendas do varejo ampliado, que incluem automóveis e construção civil, subiram 0,9%, na sétima alta seguida.
"O resultado de setembro confirma a recuperação do varejo. O comércio apresenta um dinamismo maior " explicou a gerente da pesquisa do IBGE, Isabella Nunes, citando como influências para o resultado positivo a promoção da chamada Semana do Brasil, ao estilo Black Friday, e mais dias úteis no mês este ano.
Com esses resultados, o terceiro trimestre terminou com alta de 1,6% das vendas sobre os três meses anteriores, depois de ganho de 0,1% no segundo trimestre e estagnação no primeiro.
Vendas ainda abaixo do pico
As vendas de sete das oito atividades pesquisadas no mês tiveram ganhos, os mais altos nas vendas de móveis e eletrodomésticos (5,2%) e tecidos, vestuário e calçados (3,3%).
Segundo Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a inflação baixa também explica a reação mais forte.
" O número veio acima do esperado e teremos o terceiro ano de taxa positiva. A inflação no menor patamar desde 1998 e o crédito crescendo 11% este ano, no melhor resultado desde 2011, ajudaram as vendas.
Os preços dos bens duráveis caíram 0,35% em setembro e vêm baixando desde abril. No setor de vestuário, não há deflação, mas os preços subiram apenas 0,8% nos últimos 12 meses, bem abaixo da taxa média de 2,54%.
Para o economista, o que falta para o setor crescer com mais força é o mercado de trabalho reagir:
" O que está faltando é uma reação do mercado de trabalho mais contundente e a informalidade começar a recuar. Isso é o fator mais importante, mais forte que o crédito, os preços baixos e os estímulos como a liberação do FGTS, pois aumenta a confiança das famílias.
Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, vê as perspectivas do varejo como "moderadamente positivas". Em seu relatório, mostra que as vendas do varejo incluindo concessionárias e lojas de material de construção ainda estão 8% abaixo do pico atingido em agosto de 2012.
O Itaú Unibanco, em seu relatório, considerou o crescimento das vendas robusto, refletindo no consumo das famílias. "Os dados reforçam que o consumo permanece em uma tendência positiva. Projetamos que o consumo das famílias cresça 2% este ano e 2,4% em 2020", dizem os economistas Luka Barbosa e Matheus Felipe Fuck no relatório.
No Natal, mais R$ 60 bi
Nos últimos 12 meses, o varejo cresceu 1,5%. Bentes, da CNC, prevê alta de 1,8% no varejo restrito (sem automóveis e construção civil) e de 4,6% no ampliado. Para Isabella, do IBGE, ainda são necessários mais alguns meses alta para mostrar uma recuperação sustentada.
" Há um dinamismo mais forte, mas a conjuntura ainda não é tão favorável, com muita informalidade no mercado de trabalho, que impede que a renda cresça e afeta a demanda.
Segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), as vendas de Natal devem movimentar R$ 60 bilhões este ano. O número é um pouco maior do que os R$ 53,5 bilhões do ano passado. De acordo com a pesquisa, 119,8 milhões de brasileiros devem ir às compras em 2019.
" Mesmo que a recente liberação dos recursos do FGTS vá, principalmente, para o pagamento de dívidas, o comércio pode se beneficiar da medida. Esses consumidores estão limpando o nome e recuperando crédito na praça " diz Roque Pellizzaro Junior, presidente do SPC Brasil.
Em média, os consumidores ouvidos pelo levantamento devem adquirir quatro presentes. Já o valor médio a ser gasto com cada item será de R$ 124,99, enquanto no ano passado, foi de R$ 115,90.
Pelo levantamento, 77% dos consumidores pretendem presentear alguém neste Natal, percentual próximo dos 79% registrados na pesquisa feita no ano passado.
Parte dos entrevistados (37%) acredita que vai gastar mais no Natal. A maioria deles diz que pretende pagar os presentes à vista, mas 36% planejam usar o cartão de crédito e parcelar a compra. Em média, essa turma pretende dividir as compras em cinco vezes.
Com agências internacionais