Jueves, 28 de Marzo de 2024

Notícias de assunção

BrasilO Globo, Brasil 14 de noviembre de 2019

Cora Rónai

Cora Rónai
Quando vim a Assunção pela primeira vez vocês ainda não eram nascidos, e o Paraguai era sinônimo de uísque falsificado e de produtos contrabandeados. Passei pela cidade a caminho de ruínas jesuítas, e me lembro de pouca coisa, exceto de pequenas lojas vendendo eletrônicos e de uns tipos suspeitos pelas esquinas, oferecendo toda a sorte de mercadorias ilícitas aos passantes. Havia um ar de decadência quase cômica no ar, que seria divertida se não viesse acompanhada de uma sensação de insegurança perceptível até para uma pessoa de 20 anos que se achava a salvo de qualquer risco.
Hoje penso se vim à mesma cidade em que estou " uma cidade de poucos edifícios e muitas casas, cheia de árvores, com um comércio sofisticado e tão segura que muita gente nem se dá ao trabalho de trancar a porta.
Com menos de 600 mil habitantes, Assunção continua sendo uma cidade pequena, mas agora parece mais um segredo bem guardado do que um cenário de filme B.
Tem uma falta de pressa com que já nos desacostumamos, bairros com ruas com calçamento de pedra que os moradores não querem mudar para asfalto para não precisar lidar com carros em alta velocidade, e protestos contra a construção de mais edifícios em áreas residenciais.
Tem máquinas de vender jornal impresso.
Tem ótimos cafés e restaurantes, e garçons simpáticos.
Mas, como nada é perfeito, é vítima de uma música ambiente horrível " música ambiente é quase sempre horrível " que toca em todos os cantos, shoppings, restaurantes, clubes, uma praga.
Mamãe e as Sereias Vintage vieram participar do Campeonato Sul-Americano de Masters de Natação. O clima está perfeito para elas: faz muito calor. Até eu estou com vontade de cair na água.
O sol brilha, as cores são fortes, o vento não ajuda porque é quente, mas faz uma coreografia bonita com as árvores que vejo do meu quarto do hotel.
Ontem escrevi a coluna de tecnologia daqui também, um oitavo andar de onde se descortina a cidade plana a perder de vista, verde e calma como um cartão postal de um lugar exótico.
Foi um pouco surreal acompanhar os acontecimentos da Bolívia no Paraguai, uma overdose de América Latina em que senti falta da minha casa: botar as ideias em ordem em espanhol é difícil para mim, que falo mal a língua.
Por outro lado, visto daqui, o Brasil fica muito mais longe do que parece no mapa; nem conto o alívio que isso dá.
Mamãe já nadou as provas de 400 metros medley e 100 metros borboleta. Ganhou as duas, mas está chateada porque não teve concorrentes. Tentei explicar a ela que isso não diminui o tamanho das suas conquistas, pelo contrário, mas não é assim que ela entende as coisas: no seu mundo ideal, as raias estariam cheias de velhinhas de 95 anos disputando as provas mais difíceis.
Ainda há outras provas individuais e revezamentos, mas a partir de amanhã já vai sobrar um tempinho para explorarmos mais a cidade.
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