Especialistas apontam riscos em partida do flu
Um Jogo nada seguro
Um Jogo nada seguro
O protocolo "Jogo Seguro" da Ferj permitiu que Fluminense x Volta Redonda acontecesse mesmo com três jogadores da equipe da Cidade do Aço infectados pelo novo coronavírus, o que foi diagnosticado em exames realizados horas antes da partida. A decisão, no entanto, não é considerada totalmente segura. Apesar de os casos confirmados terem sido postos em quarentena logo após o diagnóstico, os especialistas não descartam o risco de seus companheiros de clube terem o vírus ainda indetectado e serem possíveis transmissores. Todos eles estiveram em constante contato nos últimos dias em treinamentos e vestiários.
Não há garantia de 100% de confiabilidade em nenhum dos testes disponíveis. O utilizado pelos clubes tem 20% de risco de dar falso negativo. Ele é feito com a retirada do material da região da nasofaringe. Segundo artigo publicado na revista americana "Science", sua sensibilidade na identificação do vírus é menor do que a do PCR, considerado o mais seguro .
" Há a possibilidade de um falso negativo por causa da baixa carga viral da pessoa no momento do teste " disse a microbiologista e virologista da UFRJ, Juliana Reis.
Infectologista do Hospital Universitário Clementino Fraga, Alberto Chebabo ressalta que todos os que tiveram contato com os três jogadores precisam ser reavaliados nos próximos dias. O teste, ele destaca, é mais confiável em pessoas sintomáticas.
" Em uma pessoa assintomática, no caso dos jogadores, o negativo no exame diminui muito a chance de transmissão. Porém, o falso negativo pode acontecer. E essa pessoa vira positiva num outro exame. Por isso, há a chance de contaminação durante o jogo, mesmo com pouca quantidade de vírus, por estarem correndo, ofegantes " afirma o infectologista, acrescentando que o exame não quantifica a carga viral presente no organismo.
Ontem, o Volta Redonda testou 15 pessoas que não foram ao Nilton Santos, mas tiveram contato com os infectados . Foram cinco exames sorológicos (cujo resultado sai em 15 minutos) em membros do estafe. Todos deram negativo. No entanto, é importante ressaltar que ele detecta apenas a presença do anticorpo. Ou seja: não é capaz de identificar contaminação recente.
Os outros dez exames realizados foram do tipo PCR, que diagnostica o vírus no organismo. Foram feitos em familiares dos infectados e em jogadores não relacionados para a partida. O clube ainda aguarda os resultados.
Segundo médicos que elaboraram o protocolo "Jogo Seguro", a partida foi realizada porque o chamado período de latência ou de incubação para o vírus se tornar ativo e contaminante pode levar de quatro a 14 dias. Eles consideram que, na data do teste, os atletas que testaram positivo não estariam transmitindo o vírus.
"Um dos pilares da produção do Jogo Seguro é a preservação da saúde individual e coletiva e sua contribuição ao combate à disseminação da Covid. A detecção de três jogadores infectados num universo de 40 testados na equipe do Volta Redonda comprova a eficácia dos cuidados determinados no protocolo: de prevenção, controle, isolamento. Os jogadores afastados da partida Fluminense 0 x 3 Volta Redonda estão em quarentena e só retornarão ao convívio esportivo e social após liberação médica, como preconizam as diretrizes das autoridades de saúde. Os familiares deles passarão por testes e monitoramento. Participaram do jogo apenas atletas com exames negativos", afirmou a Ferj por meio de nota.
"No mundo, não existe nenhum teste com 100% de sensibilidade e especificidade. Mas é aplicado o com maior eficácia, tendo 84,4% de sensibilidade e 99,9% de especificidade. A forma de transmissão é através de secreção respiratória, que lança perdigotos no ar, ou através das fezes, não havendo relatos de transmissão por secreção extra corpórea como o suor", completou a federação.