Conhaque e meia-calça: histórias pitorescas dos jogos disputados sob neve no brasil
A nevasca foi tão intensa no Sul do Brasil no fim dos anos 1970 que, para entrar em campo, o ...
A nevasca foi tão intensa no Sul do Brasil no fim dos anos 1970 que, para entrar em campo, o goleiro Jurandir, do Criciúma-SC, comprou meia-calça para usar debaixo do calção. Outros escolheram forrar chuteiras e caneleiras com jornais, enquanto se amontoavam para tomar café com conhaque ou graspa "uma espécie de aguardente que deixava orelhas e nariz vermelhos, lembra Luiz Felipe Scolari, então zagueiro do Caxias-RS.
Essas são algumas histórias inusitadas contadas em "Pé-frio, futebol e neve no Brasil" (Ed. Design Produções), do pesquisador Henrique Porto, que catalogou os oito jogos disputados comprovadamente sob neve no país, entre 1975 e 1979, além de um capítulo à parte para Fluminense 3 x 2 Juventude, em 1968, que pode ter sido a primeira partida jogada sobre o tapete branco de gelo.
" O Flu fez excursão pela Serra Gaúcha e, em 10 de julho, jogou em Caxias do Sul. Algumas pessoas lembram da neve, mas os jornais citam apenas que fez muito frio " conta Porto.
A pesquisa durou quatro anos. Dos oito jogos, seis ocorreram no mesmo dia: 30 de maio de 1979. A neve pegou atletas que disputavam o Catarinense e o Gaúcho de calças curtas " na madrugada havia feito -8°C.
" Foi um ano atípico, com neve até em áreas desérticas como Saara e Las Vegas (EUA). No Brasil, foi do Paraná ao Rio Grande do Sul.
Um ano antes, em Caxias do Sul, quem sofreu foi Felipão. Em Caxias 2 x 2 Cruzeiro-RS, diante de 608 bravas testemunhas, o futuro campeão mundial sentia como se as chuteiras pesassem dois quilos de tanto gelo " curiosamente, ele esteve em dois dos oito jogos:
" Quando voltamos para o vestiário, não conseguia nem falar. Tomamos café preto com graspa. Aquilo era forte, chegamos a ficar com as orelhas e nariz vermelhos " conta no livro " Era horrível, mas dava ânimo.