A palavra é... patriotismo
Na semana passada, Bolsonaro pediu "patriotismo" às redes de supermercado, para evitar o ...
Na semana passada, Bolsonaro pediu "patriotismo" às redes de supermercado, para evitar o encarecimento da cesta básica. Esta semana, o nosso escritor mais conhecido no exterior, Paulo Coelho, foi bombardeado nas redes bolsonaristas, acusado de atitude "antipatriótica" por ter aderido à campanha lá fora " inclusive apoiada pelo ator Leonardo DiCaprio " de boicote a produtos brasileiros, por causa das queimadas na Amazônia. Aqui neste espaço não vai se discutir quem está certo ou errado nestes dois casos " e sim o uso da palavra "patriotismo", que dá um frio na espinha quando é apropriada por algum grupo político, de esquerda ou de direita.
O patriotismo pode não ser o último refúgio dos canalhas, como definiu no século XVIII o escritor inglês Samuel Johnson (Millôr dizia que, no Brasil, era o "primeiro"), mas a tentativa de monopolizar o amor à pátria, como fez aqui a ditadura militar com seu "Ame-o ou deixe-o", é uma canalhice. É misturar um regime ou um governo de plantão com um país que tem 520 anos de história nas costas. Você pode gostar da Venezuela e sonhar conhecer, um dia, o lado venezuelano do Monte Roraima , e ao mesmo tempo detestar o ditador Maduro. São coisas diferentes. Em tempo: O "Ame-o ou deixe-o" é um plágio do "America: love it or leave it", estimulado nos EUA dos anos 1950, criado pelo radialista Walter Winchell (1897-1972). Mas isso é outra história.