Falta de amparo financeiro impede manifestações contundentes no brasil
Se no Brasil, a falta de uma organização não permite ainda que atletas reajam ao que consideram ...
Se no Brasil, a falta de uma organização não permite ainda que atletas reajam ao que consideram prejudicial à classe, os esportes americanos vão na direção contrária. Um exemplo foi a liberdade com que os jogadores decidiram se voltariam ou não à ativa durante a pandemia. Na NFL, por exemplo, 66 jogadores desistiram de jogar esse ano por causa do coronavírus, enquanto seis se recusaram a participar dos playoffs da NBA. Recusar a entrar em campo " seja pela questão sanitária ou de violência " é algo por ora impensável entre os brasileiros.
" Não tem essa hipótese de jogador não querer jogar. Todos eles podem e estão querendo trabalhar " diz Felipe Augusto Leite, presidente da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf).
Por trás desse desejo, entretanto, há a necessidade financeira. Em pesquisa do Sindicato dos Atletas de Futebol do Município de São Paulo (SIAFM-SP), do início de maio, a maioria (64,19%) respondeu que era a favor da volta do Estadual. Mas, entre as justificativas, a que teve mais adesão (52,2%) foi: "preferia não voltar, mas preciso financeiramente desse retorno". Entre aqueles que se manifestaram contra o retorno do futebol (35,8%), o argumento mais usado foi: "Não sinto que haja segurança para a saúde dos atletas." O número de jogadores favoráveis ao retorno era maior nas divisões de acesso.
Ao contrário da NFL " que garantirá US$ 350 mil (R$ 1,8 milhão) para os jogadores que desistiram por comorbidade e US$ 150 mil (R$ 800 mil) para aqueles que tomaram a decisão por outro motivo ", no Brasil os jogadores não possuem esse tipo de amparo.
" Isso tudo mostra que os atletas daqui, diferentemente dos EUA, não são unidos como um grupo de trabalhadores que tem contrato e reivindica seu direito " explica o sociólogo Ronaldo Helal, coordenador do laboratório de estudos em mídia e esporte da UERJ.
Além da estabilidade financeira, a liga americana garante prorrogação contratual para os inativos deste ano.
" Esse tipo de garantia faz com que o jogador fique mais confortável para tomar esse tipo de decisão. Mas aqui você não vê esse tipo de iniciativa " diz Daniel Brugger, jornalista que acompanha de perto a NFL, nos Estados Unidos.