Tapete vermelho e avião com propriedade compartilhada
Desde pequeno, Marcos Amaro, o caçula do Comandante Rolim, sonhava em ter uma companhia aérea. Na ...
Desde pequeno, Marcos Amaro, o caçula do Comandante Rolim, sonhava em ter uma companhia aérea. Na brincadeira de criança, o fundador da TAM, que começou com uma empresa de táxi aéreo, batizou a companhia imaginária de Matsa, as iniciais do filho.
Aos 36 anos, duas décadas depois de perder o pai em um trágico acidente de helicóptero, Marcos tira o sonho do papel e quer retomar o legado aeronáutico de Rolim com uma empresa de propriedade compartilhada de aviões executivos.
" Entrar na aviação tem um significado muito grande. Posso dizer que agora estou dentro, de alguma forma " diz Marcos, que desde que vendeu sua participação na TAM para os irmãos (que depois se uniram à chilena Lan, dando origem à Latam) se tornou investidor de empresas, colecionador de arte, galerista e artista plástico.
A Amaro Aviation entra em um mercado que é gigante lá fora, mas que ainda engatinha no Brasil. A americana NetJets, maior empresa de propriedade fracionada, tem mais de 50 anos, 700 aviões e Warren Buffett de sócio.
Por aqui, há basicamente um concorrente, a Avantto. Mas uma mudança regulatória recente, que estabelece que a responsabilidade final da operação é do operador e não do proprietário, deve destravar o mercado.
" É um divisor de águas importante e um facilitador para quem quer ter uma cota, mas tem receio de ter dor de cabeça " diz.
O momento é também favorável por conta da pandemia. A redução de voos comerciais e temores de contágio têm estimulado a demanda pela aviação executiva.
A empresa estreia com 4 aviões: um turboélice PC12; dois jatos PC24, da fabricante suíça Pilatus; e um Gulfstream G550 usado, para voos de longa distância. Os Pilatus serão divididos em oito cotas " de US$ 1 milhão (PC12) ou US$ 2 milhões (PC24) ", que dão direito a 50 horas de voo por ano cada. Já o Gulfstream terá três donos. Em uma semana, foram vendidas 9 cotas dos Pilatus e duas do G550.
A Amaro tem entre os sócios o ex-CEO da TAM David Barioni, que assume como CEO, e a CFly Aviation, de Francisco Lyra. Além da gestão da frota compartilhada, a Amaro fará a gestão de aviões de terceiros e também vai entrar no táxi aéreo.
Marcos segue ativo nas artes e acaba de lançar um livro com sua obra pela editora Cobogó. A aviação sempre foi a inspiração da sua arte, que usa partes de avião como suporte e, agora, virou também um negócio.