Viernes, 27 de Junio de 2025

Dono do Belmonte assume Amarelinho e promete reabrir bar tradicional da Cinelândia em setembro, após obras

BrasilO Globo, Brasil 19 de julio de 2021

Agência O Globo -
Um dos ícones da cultura e da boemia carioca, o tradicional bar Amarelinho, na Cinelândia, que como outros estabelecimentos do ramo sofreu os efeitos da pandemia e está fechado desde março, vai reabrir em setembro, após passar por obras

Agência O Globo -
Um dos ícones da cultura e da boemia carioca, o tradicional bar Amarelinho, na Cinelândia, que como outros estabelecimentos do ramo sofreu os efeitos da pandemia e está fechado desde março, vai reabrir em setembro, após passar por obras. Agora sob nova direção. O bar, também conhecido por ser palco de acalorados debates políticos, acaba de ser assumido pelo empresário Antonio Rodrigues, dono da rede Belmonte, conforme noticiou o blog do jornalista Ancelmo Gois, de O GLOBO.
— As pessoas que conhecem a história do Rio sabem a importância do Amarelinho e do Nova Capela para vida cultural e boêmia da cidade. São lugares que não podem acabar nunca — defende o empresário, lembrando de outro bar tradicional, este na Rua Mem de Sá, na Lapa, que corria risco de fechar e foi adquirido por ele em 2019.
O Amarelinho chegou a ficar fechado por oito meses no ano passado, por conta das medidas de restrição impostas pela pandemia do novo coronavírus. O bar foi reaberto em dezembro e em março fechou as portas novamente. Na ocasião, os antigos donos alegavam que tinham uma despesa de R$ 300 mil para manter o estabelecimento funcionando, com a baixa clientela, embora assegurassem que o fechamento era temporário.
Antonio contou que foi procurado por funcionários que temiam o fechamento definitivo do Amarelinho, já que o antigo dono José Lorenzo Lemos, estava muito idoso — ele tem 92 anos — e os filhos não tinham interesse em tocar o negócio. Ele contou que alugou o espaço por R$ 30 mil mensais. O negócio foi fechado no sábado.
O dia da reabertua ainda não está definido, mas Rodrigues não descarta a possibilidade de fazê-lo em 7 de setembro, por ser feriado nacional e uma data simbólica. Antes, porém, o estabelecimento vai passar por obras.
A cozinha será reformada, o balcão vai ser trocado, assim como algumas pedras portuguesas da parte onde ficam as mesas extersas. O novo dono garante que não é nada que vá tirar a essência do local. O nome será mantido.Também não pretende fazer mudanças significativas no cardápio e garante que o chope será da melhor qualidade.
— A característica do Amarelinho são as luminárias retrô que vão continuar lá, assim como o quadro do (ex-governador Leonel) Brizola que vai seguir na parede. Vamos resgatar o Centro, começando pelo Amarelinho — disse.
Fundado em 2021, o centenário bar é testemunha da vida boêmia na Cinelândia desde a primeira metade do século passado, tendo abrigado em suas meses figuras célebres como Oscar Niemeyer, Mário de Andrade, Joel Silveira e Vinicius de Moraes, além de políticos. Entre travessas de feijoada e cozido, porções de frango à passarinho e muito chope, o endereço foi palco para episódios importantes da cultura e da política no país.
Tendo a Cinelândia como palco das manifestações políticas, tudo convergia para as mesas do Amarelinho, testemunhas de acalorados debates. Antonio Rodrigues lembra que os protestos que pediam o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello começaram por ali. E na noite de sua aprovação, em dezembro de 1992, o bar chegou a vender 270 barris de chope.
— Na época, eu tinha o Carlitos, na Rua Álvaro Alvim, perto do Teatro Rival, e vendi 30 barris para de chope e mais de cem litros de batidas de gengiibre. Tudo convergia para a Cinelândia e acabava nas mesas do Amarelinho — relembra.
Rodrigues lembra ainda que a Brizolândia, o quartel-general dos apoiadores do ex-governador pedetista, Leonel Brizela, ficava entre o Amarelinmho e a Câmara de Vereadores. E, por conta disso, quase sempre as discussões políticas iniciadas do lado de fora acabam numa mesa do vizinho bar.
— Muitas encrencas do PDT com o PT foram ali no bar. Brizola recebia seus correligionários numa mesa do Amarelinho, e o ponto passou a ser chamado de brizolândia. O lugar sempre foi frequentado por presidentes e senadores. Quero fazer uma inauguração bonita, chamando todos os políticos da esquerda que estiverem vivos —planeja Rodrigues.
O novo dono do Amarelinho é um cearense de 52 anos que chegou ao Rio de Janeiro em 1984, aos 16. A passagem de vinda foi custeada pela venda de uma ovelha que ele tinha ganhado de um tio. Por aqui, começou lavando pratos e fazendo faxina numa churrascaria em Copacabana, na Zona Sul. Depois, foi trabalhar como garçom no bar Carlitos, na Rua Álvaro Alvim, e, se valendo de umas economias, acabou comprando o estabelecimento que estava falido. Hoje, possui 19 bares, nove da rede Belmonte, além de outros três em Portugal e um em São Paulo.
— Devo muito a essa cidade. Ela me deu muito e continua dando. Cheguei no Rio do Ceará em 1984, aos 16 anos, e fui morar num quarto com outros sete caras. E olha tudo que conquistei aqui. O Amarelinho faz parte da história do país — afirmou.
Angela Leal, gestora do Teatro Rival Refit, comemorou a novidade. Ela considera a Cinelândia um palco de resistência e o Amarelinho um símbolo da boemia carioca:
— Estamos muito felizes com esta notícia. Vai ser muito bacana para revitalização da nossa querida Cinelândia, palco de resistência cultural. Vai ser bom para todos. Acompanhei a trajetória do Antonio, um guerreiro! Interagimos bastante nos velhos tempos da Cinelândia. O Amarelinho é símbolo da boemia carioca.
La Nación Argentina O Globo Brasil El Mercurio Chile
El Tiempo Colombia La Nación Costa Rica La Prensa Gráfica El Salvador
El Universal México El Comercio Perú El Nuevo Dia Puerto Rico
Listin Diario República
Dominicana
El País Uruguay El Nacional Venezuela