Com alta da inflação, airbnb vai parcelar em quatro vezes sem juros
De olho em um turista cujo bolso sente cada vez mais os efeitos da inflação, o Airbnb, maior ...
De olho em um turista cujo bolso sente cada vez mais os efeitos da inflação, o Airbnb, maior plataforma de viagens do mundo, decidiu reformular a modalidade de sua acomodação mais simples: os quartos que são alugados dentro de apartamentos e casas. Além disso, a empresa está lançando globalmente a modalidade de parcelamento sem juros.
Em entrevista ao GLOBO, Nathan Blecharczyk, cofundador e diretor de Estratégia do Airbnb, disse que as pessoas querem viajar gastando menos. A companhia anuncia hoje 50 mudanças em sua plataforma, que prevê ainda a possibilidade de o usuário pesquisar o preço cheio, já com as taxas incluídas, algo que até então só era possível fazer na hora de finalizar a reserva.
Batizada de "Airbnb Quartos", tida como a nova versão do Airbnb original, a plataforma vai disponibilizar também mais informações sobre os anfitriões (donos dos imóveis) para aumentar a segurança na hora do aluguel, como locais onde estudaram e com o que trabalham, entre outras características.
" As pessoas estão falando muito sobre economia e inflação. Isso está na cabeça das pessoas. E, quando você estiver vendo as fotos da sala, você também poderá, como parte disso, ver mais sobre o anfitrião. Isso faz parte da proposta de valor, não é apenas o quarto, é também o anfitrião " diz Blecharczyk.
Entre as mudanças que começam a ganhar espaço está a possibilidade de pagamento parcelado em quatro prestações sem juros. A novidade começa nos EUA e no Canadá. Hoje, o Brasil já conta com pagamento parcelado, mas há incidência de juros. Com a mudança, diz ele, haverá a opção de pagamento sem juros, ainda sem uma data definida:
" Com uma maior incerteza econômica, o uso desses recursos pode ser útil.
Outra mudança que está sendo implementada pela plataforma é a forma como o usuário pesquisa o preço. O executivo lembra que a partir de agora será possível consultar, durante a pesquisa, já o valor final, incluindo as taxas.
" Essa é uma forma de criar transparência. O preço tem sido muito dinâmico nos últimos seis a 12 meses " diz ele.
Segundo o fundador, a empresa decidiu, com a retomada das viagens internacionais, voltar a investir no básico, que, segundo ele, se mostrou um "ótimo negócio". Blecharczyk ressalta que hoje há 1 milhão de quartos no Airbnb, dos quais 80% cobram menos de US$ 100 por noite " o preço médio é de US$ 67 por noite na plataforma. Ao todo, diz, há mais de 6 milhões de lares em todo o mundo com mais de 4 milhões de anfitriões.
" Durante a pandemia, voltamos ao básico e percebemos que nosso negócio principal é um ótimo negócio. Há muito espaço para crescimento, vamos continuar aperfeiçoando isso. Nós não queremos perder o foco. Antes da pandemia estávamos fazendo algumas coisas diferentes (com desenvolvimento de experiências). Precisamos ser muito disciplinados em termos de como buscamos coisas novas.
privacidade do quarto
Globalmente, a companhia, que já hospedou 1,4 bilhão de hóspedes em 15 anos, prevê que esse ano mais de 300 milhões de pessoas usem a plataforma no mundo. Em 2022, a receita cresceu 40%:
" Tivemos um forte impulso saindo da pandemia. E esperamos que este seja um grande ano também. As viagens internacionais estão sendo retomadas. Há muita demanda reprimida.
Para o executivo, o Brasil tem papel importante no crescimento da empresa este ano por ser o maior mercado do Airbnb na América Latina, onde a hospedagem cresceu 23% no quarto trimestre de 2022 em relação ao ano anterior.
" O número de noites em quartos privados aumentou 58% no ano passado em relação a 2021. Já vemos um momento muito bom. Mas, com esses recursos, esperamos que continue crescendo.
Além do preço e das informações sobre o dono do imóvel, o Airbnb vai aumentar o volume de informações sobre o quarto que está disponível:
" Estamos trazendo mais informações para destacar a privacidade do quarto. Esclarecendo se o banheiro é compartilhado ou se é privado. Se for privado, o banheiro faz parte da suíte ou está no fundo do corredor? A porta do quarto é trancada por dentro ou também por fora? Tudo isso agora é fornecido explicitamente como parte da experiência.
O executivo também comentou o aumento da regulação em cidades ao redor do mundo para limitar a atuação da plataforma em razão da concorrência com hotéis. Ele lembra que, em 80% dos 200 principais mercados por tamanho no Airbnb, já há regulamentação em vigor:
" Apoiamos a regulamentação. Faz sentido ter regras, mas devem ser baseadas em evidências e na busca por equilíbrio entre proteger e dar capacidade aos indivíduos de se beneficiarem com o uso da plataforma. No Brasil, 56% dos anfitriões usam o aluguel como renda extra e continuam morando nas casas. Isso precisa ser preservado. Ao mesmo tempo deve haver proteção contra especuladores e coisas dessa natureza.