Sábado, 02 de Agosto de 2025

Mercenários rebelados deixam as últimas cidades após acuarem putin

BrasilO Globo, Brasil 26 de junio de 2023

kremlin aliviado

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Dois dias após a meteórica rebelião que pôs o presidente Vladimir Putin contra as cordas, no maior desafio em seus 23 anos de poder na Rússia, as tropas mercenárias amotinadas do Grupo Wagner deixaram ontem as cidades de Voronej e Lípetsk, situadas entre 600km e 400km ao sul de Moscou, as últimas ainda ocupadas após a ação militar contra o alto comando russo desencadeada de sexta para sábado. A retirada é parte do acordo firmado entre o líder dos mercenários, o magnata Yevgeny Prigojin, e Putin, sob mediação do presidente da Bielorrússia e aliado do chefe do Kremlin, Alexander Lukashenko.
O paradeiro de Prigojin, que foi visto pela última vez sábado saindo de Rostov-no-Don " a primeira a cair nas mãos dos mercenários " é desconhecido. Os homens do Grupo Wagner também deixaram Rostov, no sudoeste do país " onde assumiram o controle do quartel-general do Comando Sul da Rússia, centro nevrálgico das operações do país na Ucrânia " na noite de sábado. Pelo acordo, o Kremlin garantiria a segurança dos paramilitares, desde que os comboios rumo a Moscou, que chegaram a pelo menos 350km da capital " Prigojin afirmou que seus homens deram meia-volta a apenas 200km da cidade " deixassem as três regiões russas onde estavam presentes: Rostov, Voronej e Lipetsk.
exílio na bielorrússia
O líder do grupo paramilitar, por sua vez, poderá ir para a Bielorrússia para evitar ser processado na Rússia, assim como os seus combatentes, de acordo com a Presidência russa, que não se pronunciou ontem. O exílio de Prigojin é parte do acordo, que segundo Moscou considerou os "méritos no front ucraniano" do grupo paramilitar. O líder do Wagner deverá ir para a Bielorrússia, e os mercenários que não participaram da rebelião assinarão contratos com as Forças Armadas.
Todas as restrições nas estradas da região de Rostov, impostas após a rebelião, que durou 24 horas, foram retiradas ontem, anunciou o serviço local do Ministério de Situações de Emergência da Rússia.
" A circulação foi restabelecida " declarou o seu porta-voz, citado pela agência estatal RIA Novosti.
Apesar da volta à normalidade, no entanto, o "regime de operação antiterrorista" decretado na região de Moscou, que dá mais poderes às forças de segurança, continua em vigor. Patrulhas policiais permaneceram em posição no sul da capital russa, na entrada da estrada que leva ao sul do país, por onde as forças rebeldes se aproximaram da cidade.
A rebelião foi o ápice de meses de desentendimentos entre Prigojin e o alto comando militar russo " sobretudo, o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Valery Gerasimov " a que ele acusava de não fornecer munição suficiente a seus homens na Ucrânia e de conduzir a guerra de forma incompetente.
Os mercenários do Wagner tiveram papel crucial na retomada de Bakhmut, uma das batalhas mais sangrentas da guerra entre a Rússia e o país vizinho. O caldo entornou na sexta-feira, quando o Prigojin acusou as forças russas de bombardearem suas bases, e convocou uma "rebelião armada" contra a cúpula militar.
Em pronunciamento pela TV, qualificou a rebelião como uma "punhalada pelas costas" e acusou Prigojin, de "trair" a Rússia por sua "ambição desmedida". O presidente prometeu, na ocasião, que todos os que traíssem a pátria seriam punidos.
‘desafio direto a putin’
Embora a totalidade dos termos do acordo entre Prigojin e o governo russo permaneça desconhecida, especula-se que Lukashenko tenha desempenhado um papel crucial. De acordo com seu gabinete, foi o presidente bielorrusso quem conseguiu que o chefe de Wagner parasse seu avanço sobre Moscou .
As autoridades russas nunca mostraram uma atitude tão indulgente para com os seus detratores, especialmente em um contexto de repressão implacável contra os opositores e críticos do presidente Putin e sua chamada "operação especial" contra a Ucrânia.
Ontem, a rebelião continuou levantando questões e interpretações. Para o conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, "Prigojin humilhou Putin/o Estado e demonstrou que não há mais um monopólio legítimo da violência" na Rússia.
"O Kremlin está agora confrontado com um equilíbrio profundamente instável (...) A rebelião de Prigojin revela sérias fraquezas", diz um analista do centro de estudos americano Institute for the Study of War (ISW).
Já o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse à CBS News que a revolta marcou "um desafio direto à autoridade de Putin e , portanto, levanta questões profundas, mostra fissuras reais",
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