Ribeirão preto terá a primeira faculdade do agro no país
A região de Ribeirão Preto, no interior paulista, é sempre lembrada pela produção de ...
A região de Ribeirão Preto, no interior paulista, é sempre lembrada pela produção de cana-de-açúcar. Mas a atividade é apenas uma entre os cerca de dez segmentos do agronegócio que ocupam o entorno da cidade. Com essa característica, Ribeirão atraiu a instalação da primeira faculdade brasileira voltada exclusivamente ao agronegócio. A Harven Business School teve R$ 100 milhões de investimento e começa a funcionar no ano que vem.
A instituição, que iniciou neste mês seu processo de seleção para as primeiras turmas da graduação, é resultado da união de um expert em agronegócio, o agrônomo Marcos Fava Neves, professor de cadeias agroalimentares na USP e na FGV, com o empresário bilionário libanês radicado no Brasil Chaim Zaher, dono do SEB (Sistema Educacional Brasileiro), um dos maiores grupos educacionais do país.
Única instituição brasileira associada à organização mundial de lideranças do agronegócio, a Ifama (International Food and Agribusiness Management Association), a Harven vai oferecer inicialmente três cursos de graduação: Direito, Engenharia de Produção e Administração de Empresas com foco nos principais elos da cadeia produtiva do agronegócio, como insumos, serviços, bens de capital, atacado e varejo.
" Os cursos são certificados pelo MEC com o foco exclusivamente no agronegócio, visando formar profissionais para liderar o desenvolvimento deste setor. Quem não quiser trabalhar no agro não venha para a Harven " disse Fava Neves, no lançamento da faculdade no dia 13.
Ele afirmou que a criação da faculdade partiu da necessidade de valorizar mais os cursos in company e treinamentos feitos pela Markestrat, empresa de consultoria de negócios, educação corporativa e inteligência de mercado no mundo agro, fundada por ele e alguns sócios há 20 anos.
O professor, que em 2020 apelidou Ribeirão de "capital brasileira do agronegócio", disse que a escolha da cidade também se deveu à boa qualidade de vida, à fácil locomoção e ao fato de os sócios morarem lá. E ressaltou a existência de várias atividades e empresas do agronegócio na região.
" Ribeirão não é só cana-de-açúcar. Em uma hora de distância, você tem acesso a dez setores diferentes do agro. No entorno, temos laranja, frigorífico, café, papel e celulose, amendoim e muitas indústrias de alimentos como a Predilecta e a Santa Helena " elencou.
O acesso é fundamental, já que o propósito da Harven é que haja uma integração dos cursos com as empresas do agro e os alunos possam realizar muitas atividades in loco em usinas como a São Martinho, de Pradópolis, ou a Cutrale, de Araraquara.
Chaim Zaher afirmou que decidiu investir na Harven porque o agro tem a função de alimentar o mundo, e o papel da universidade é formar líderes bem informados e capacitados para atuar nesse segmento que é recheado de tecnologias e tem alavancado o PIB do país:
" Essa próxima geração já não aceita a degradação do meio ambiente. Como educadores, temos a missão de ajudar esses jovens a ter um diferencial para transformar o mundo porque são eles que vão sofrer os efeitos das mudanças climáticas e do que se faz com a natureza.
Segundo Fava Neves, o custo das mensalidades deve ficar no padrão das escolas que inspiraram a Harven, como o Insper e a FGV, com mensalidades em torno de R$ 4 mil a R$ 5 mil. Estão previstas bolsas de estudo e práticas de inclusão. Além da graduação, a Harven vai oferecer cursos de pós-graduação, jornadas internacionais, educação corporativa, intercâmbio de estudantes e plataformas digitais por assinatura focadas no agro.
O professor da USP e sócio da Markestrat Roberto Fava Scare será o CEO da Harven. Segundo ele, é fundamental focar na formação de agrolíderes com conhecimentos sólidos sobre os mais modernos conceitos, com visão integradora e global sobre os desafios do sistema agroindustrial. "A aprendizagem na Harven será baseada em metodologias ativas com desenvolvimento de projetos, atuação em equipe, estudos de caso reais e mentorias num ambiente muito inovador", disse Scare.
cidade do agro
Os cursos vão priorizar tendências do mercado corporativo como empreendedorismo, ESG (ambiental, social e governança, na sigla em inglês), desenvolvimento de soft skills e ciência de dados.
O sonho dos sócios é ter 5 mil alunos por ano na Harven, metade estrangeiros vivendo na cidade, consumindo e pagando mensalidade.
" O agro também pode exportar mensalidades " brincou Fava Neves.
O projeto da Harven para o futuro é ainda mais ambicioso. No lançamento da faculdade, os sócios apresentaram o projeto "Cidade do Agro", um complexo a ser construído no anel viário da cidade, próximo ao parque tecnológico onde se realiza a Agrishow, feira de tecnologia agrícola.
Segundo Fava Neves, a Cidade do Agro pode sair do papel em dois ou três anos se atrair investidores. O plano foi apresentado por Zaher a investidores árabes. A ideia é captar R$ 1 bilhão.