Casas bahia anuncia mudanças e volta a focar no varejo

A Casas Bahia (ex-Via) vai voltar a se concentrar em sua principal atividade, o varejo, para retomar a rentabilidade e mudar a percepção ruim que o mercado financeiro ficou da empresa após resultados ruins. A ideia é tornar o negócio menor e focar em lucratividade. Para aproveitar a popularidade da marca, que é forte entre os consumidores, segundo pesquisas, o grupo também vai trazer de volta o garoto-propaganda da empresa durante 18 anos, Fabiano Augusto, e retomar o slogan de quando ainda era gerida pela família Klein: "dedicação total a você".
" O que a gente consegue fazer é ganhar dinheiro vendendo geladeira, televisão. Lá atrás, quando a Via Varejo mudou de nome para Via, viramos uma plataforma para fazer de tudo. Cada negócio teve seu papel, mas agora queremos deixar de ser generalistas e mostrar que nossa força é o varejo " disse o CEO da empresa, Renato Franklin.
Só com a mudança da marca, Franklin estima que a companhia economizará pelo menos R$ 200 milhões em gastos com marketing, e falará a mais pessoas. Toda essa mudança ocorre em meio a um plano de reestruturação anunciado recentemente, que, entre outras medidas, prevê o fechamento de pelo menos 100 lojas e redução de estoques em R$ 1 bilhão até o fim de 2023. Hoje a marca tem 15 mil vendedores em mais de 1 mil lojas, presente em 560 cidades. Na semana passada, o Grupo Casas Bahia fez uma oferta de novas ações na Bolsa, com expectativa de captar R$ 1 bilhão, mas o resultado ficou pouco acima dos R$ 600 milhões.
" A dedicação total nunca foi tão forte. Esse é o lema da campanha de mudança da marca " afirma a diretora de marketing Vivian Swir.
Há apenas quatro meses no comando da empresa, Franklin diz que o objetivo é voltar para o básico, reduzindo os riscos, numa agenda de longo prazo. Ele acredita que os números começarão a melhorar no segundo semestre de 2024. Para isso, será freado o crescimento acelerado que o e-commerce da empresa vinha tendo, assim como a expansão das atividades bancárias do grupo. Mas a Casas Bahia continuará a oferecer crédito, já que se trata também de uma de suas marcas no passado. Historicamente, o crediário chega a 30% das compras feitas nas lojas. Hoje está em 21%, o que, na avaliação do CEO, mostra que há espaço para crescer.
Franklin não descarta inovações. Uma delas é o uso de inteligência artificial para gerar propagandas para TV ou internet em diferentes regiões do país. Cada uma terá foco em um produto diferente, com descontos direcionados de acordo com a localidade. Segundo Franklin, isso permitirá aumentar a base de clientes com um custo menor do que antigamente, quando a empresa focava em propagandas nacionais. Outra ferramenta importante, segundo ele, é a consultoria dada pelo WhatsApp aos clientes sobre qual o melhor produto para sua necessidade.