A fórmula do jeitto para dar crédito aos negativados
Uma vendinha que aceita fiado na periferia. É assim que Fernando Silva, CEO do Jeitto, ...
Uma vendinha que aceita fiado na periferia. É assim que Fernando Silva, CEO do Jeitto, gosta de descrever sua fintech de microcrédito. Nos últimos 5 anos, a "vendinha" financiou R$ 1,9 bilhão para 2 milhões de clientes, sendo 40% deles negativados. Enquanto banco e financeiras alcançam as classes D e E ofertando um crédito a juros exorbitantes para compensar a alta inadimplência esperada, o Jeitto usa análise de dados para alcançar mais consumidores com um crédito (micro) que cabe na renda familiar.
" Crédito é, por natureza, um sistema injusto. Os bons pagadores pagam pelos maus. Precisamos ser mais assertivos " diz Silva (foto), que passou quatro anos desenvolvendo os algorítimos antes de ir pra rua, em 2019.
O Jeitto pede apenas duas informações para abrir cadastro: CPF e número de telefone. Se aprovado, o crédito é liberado no ato. Mas, para isso, o cliente precisa dar acesso a informações sobre o uso do celular. Os algoritmos estimam renda e avaliam a capacidade de pagamento a partir de informações como frequência de chamadas em horário comercial ou aplicativos instalados.
São 3,5 milhões de clientes com crédito aprovado " e outros 3,5 milhões aguardando aprovação. O tíquete médio é de R$ 160, para pagamento em até 40 dias, com juro de 12% ou 13%. O juro por atraso é de 1% ao mês.
Neste semestre, a empresa vai lançar uma nova modalidade de crédito: o pagamento de compras via PIX atrelado ao limite de crédito concedido. É uma versão do "compre agora, pague depois". Para clientes com limites maiores, serão oferecidas ainda duas novas linhas específicas para cobrir gastos com saúde e materiais de construção, com prazos também maiores.
O Jeitto opera um FIDC (fundo de direitos creditórios) de R$ 580 milhões, estruturado pelo Master. Um novo fundo, de cerca de R$ 500 milhões, deve ser lançado este ano. A partir do segundo trimestre, a fintech, que recebeu aporte de R$ 15 milhões da gestora de impacto Rise em 2022, planeja iniciar nova rodada mais robusta, na casa dos três dígitos. Sob assessoria do BTG, Silva mira fundos de private equity, family offices e investidores estratégicos.