Controladora de ph, pensi e elite vende 32% do negócio
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A Gera Capital, gestora que tem Jorge Paulo Lemann como investidor, se desfez de uma participação de praticamente um terço (32%) no Grupo Salta, que costumava se chamar Eleva Educação e é dono de escolas como pH, Pensi e Elite. Quem comprou a fatia foram a Atmos, gestora carioca de Bruno Levacov, o fundo Mission Co., de ex-sócios da Gávea Investimentos, e a Warburg Pincus, gigante americano do private equity que já era sócia do negócio.
Depois da transação, que foi fechada na tarde de ontem, o maior acionista da Salta será a Warburg Pincus, com 28%. A Atmos, que está entrando no negócio, ficará com fatia de 19%, enquanto a Mission Co. deterá 11%. Já a Gera Capital reduziu sua fatia de 55% para 23%. Outros 19% estão nas mãos de executivos e outros sócios da companhia.
Mas a Gera Capital continuará com maioria no conselho, mantendo sua sócia Duda Falcão como presidente executiva do colegiado. O CEO do Salta segue sendo Bruno Elias.
A transação vem sendo negociada há meses, e a Atmos chegou a estruturar uma captação de até R$ 500 milhões para fechar a operação junto a clientes do segmento private de bancos como o Itaú, apurou a coluna.
A companhia não divulgou os valores envolvidos. Embora a cifra de R$ 1 bilhão tenha circulado nos últimos meses, interlocutores da companhia estimam que o negócio teria ficado entre R$ 700 milhões e R$ 750 milhões.
O negócio foi 100% secundário, sem injeção de qualquer centavo no caixa da companhia. A transação foi necessária, segundo a Gera, para dar saída aos investidores do seu primeiro fundo, iniciado em 2013 e cujo prazo acaba de vencer. Segundo observadores do setor de educação, a redução da participação de Lemann no Salta pode ajudar nas negociações de rolagem de dívida com os bancos.
" As instituições financeiras duelaram com ele na crise da Americanas e estavam mais reticentes com companhias das quais ele é sócio " disse uma fonte a par do assunto.
Lemann, porém, continua sócio do negócio na qualidade de investidor dos outros fundos da Gera Capital, que ainda é dona de 23% da Salta.
Com 178 unidades, mais de 130 mil alunos e 22 marcas de escolas, o Grupo Salta diz ter faturamento de R$ 2,3 bilhões e é uma das principais empresas por trás da tendência de consolidação na educação.
Mas com endividamento próximo a R$ 1 bilhão, o grupo é considerado alavancado por observadores do setor. Em vez das aquisições pelas quais ficou conhecida, a principal transação da companhia em 2023 foi uma venda: as escolas Eleva para a britânica Inspired por R$ 2 bilhões.
Este texto foi originalmente publicado na coluna de negócios Capital, no site do GLOBO: blogs.oglobo.globo.com/capital