A volta à ‘vida normal’ da carioca engenharia
Na trajetória de quase oito décadas da Carioca Engenharia, existe um "antes e depois" da ...
Na trajetória de quase oito décadas da Carioca Engenharia, existe um "antes e depois" da Lava-Jato. A construtora, que chegou a faturar R$ 2 bilhões ao ano pouco antes de ser alvo da investigação, teve receitas de apenas R$ 30 milhões em 2021 " insignificantes para empreiteiras " e hibernou.
" A Lava-Jato foi a tempestade perfeita, porque, além do impacto na empresa, provocou um enxugamento dos investimentos " admite o diretor-geral Daniel Rizzotti.
Ele assumiu em abril de 2022, sucedendo a Eduardo Backheuser, cuja família é dona da empreiteira. Um veterano da Carioca, o executivo chegou ao comando com a missão de recuperar o negócio após um período de regularização da situação jurídica. (Seus sócios fizeram acordo de leniência de R$ 90 milhões, e a empresa pagou R$ 10 milhões.)
Segundo Rizzotti, a Lava-Jato "ficou no passado". O começo de seu mandato foi dedicado à retomada da atividade. Em 2022, o faturamento já foi de R$ 80 milhões e, em 2023, de R$ 220 milhões. O número de canteiros de obras saiu de apenas um, em 2021, para 11. O plano é chegar a R$ 390 milhões em receitas em 2024:
" A gente saiu da fase de retomada. Ela acabou, agora é vida normal.
Portos e saneamento
A "vida normal" impõe dois focos: concentrar esforços nos segmentos em que a Carioca tem maior expertise e recuperar a reputação da companhia diante da mancha perene da Lava-Jato. Nesse segundo quesito, um dos seus cartões de visita é o fato de, ainda em 2017, a empreiteira ter sido uma das primeiras a voltar à lista de fornecedores da Petrobras. Nos últimos dias, a companhia também disse ter conseguido a certificação de sistemas antissuborno, a ISO 37001. A empreiteira optou por manter o nome mesmo depois de um rebranding promovido em 2023 " diferentemente de outros alvos da Lava-Jato.
Quanto ao foco setorial, a Carioca decidiu olhar sobretudo para o segmento marítimo, uma de suas especialidades desde a compra da dinamarquesa Christiani-Nielsen ainda nos anos 1980. No filão, seu principal contrato até agora, de R$ 120 milhões, é a ampliação do terminal portuário da filipina ICTSI na Baía de Guanabara. A obra termina em julho, após um ano.
" Também estamos focando em saneamento, por causa do marco regulatório " explica Rizzotti.