Lunes, 29 de Abril de 2024

O que é melhor: ações ou debêntures de uma empresa?

BrasilO Globo, Brasil 15 de abril de 2024

Ser acionista de uma empresa enche os olhos, mas a ação nem sempre é o melhor ativo para o ...

Ser acionista de uma empresa enche os olhos, mas a ação nem sempre é o melhor ativo para o investidor. Além de ações, a empresa pode emitir papéis de renda fixa com juros atraentes como debêntures. Quem compra ações recebe dividendos " a parte do lucro que é distribuída " mais a valorização do papel. O investidor acredita que a companhia vai crescer e dar lucro. Já quem compra debêntures ganha juros ao emprestar dinheiro para uma empresa. Ele acredita que a companhia vai honrar o pagamento.
As ações não têm um teto de remuneração. A valorização dos papéis e a distribuição de dividendos podem ser altas, mas o risco de perder o dinheiro investido também é grande. Já nas debêntures há um limite de rendimento, mas ele é garantido para quem mantiver o investimento até o prazo de vencimento.
Quando a taxa oferecida pela debênture é alta, significa que o risco de a empresa não honrar o pagamento da dívida é maior também. Só que mesmo as debêntures de empresas com risco de inadimplência baixo oferecem juros acima dos papéis do Tesouro Direto, tidos como os títulos mais seguros do mercado.
O investidor deve avaliar caso a caso. É preciso ter em mente seu perfil de risco, diz Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos:
" São tribos de investidores diferentes. As ações são para os que aguentam mais risco e volatilidade. Já as debêntures são para os que procuram menos risco, em troca de uma remuneração já combinada.
As ações compensam quando estão baratas e há muito potencial de valorização ou de pagamento de dividendos altos " uma estimativa incerta. Já as debêntures valem a pena quando os juros estão altos, mas a chance de a empresa não pagar o investidor é baixa.
Vinicius Romano, especialista em renda fixa da Suno Research, aconselha que os investidores com perfil de risco tenham um pouco de ações e um pouco de crédito privado, especialmente por meio de fundos de investimento:
" As duas classes cabem em uma carteira. O mais importante é escolher com atenção o gestor do fundo.
Cautela com juro menor
Na Ibiuna Investimentos, os gestores analisam se as empresas geram caixa para pagar as dívidas ao debenturista e se geram lucro para remunerar o acionista.
" Quando temos a debênture nas carteiras, mas a ação não, não é porque a área de crédito da gestora acha que é boa a companhia, e a área de ações acredita que ela é horrorosa. É que o preço da debênture está atraente e o da ação, não " afirma André Lion, sócio e gestor de ações da Ibiuna Investimentos.
A ação e a debênture de Bradesco, Localiza e Petrobras estão nas carteiras dos fundos de ações e de crédito da gestora, por exemplo. Já a ação da Multiplan está no portfólio, mas a debênture não. A Braskem é o inverso: a debênture agrada, a ação não.
Eduardo Alhadeff, sócio e gestor de crédito da Ibiuna, conta que a casa está mais cautelosa para escolher papéis de renda fixa nos últimos meses por causa da queda dos juros. A Selic, que até agosto do ano passado estava em 13,75% ao ano, está hoje em 10,75% " e espera-se um novo corte, de 0,5 ponto percentual, em maio.
Vivian Lee, sócia e gestora de crédito da Ibiuna, aconselha cuidado com debêntures de taxas muito altas:
" Se as taxas estão altas é por um motivo, que pode não ser tão observável pela pessoa física. Não devemos esquecer que empresas como Odebrecht e Oi já tiverem notas de crédito altas.
Com as ações, a casa também está cautelosa, mas vê oportunidades especialmente naquelas que se beneficiam com a queda da Selic e a melhora da economia brasileira.
Muitos especialistas avaliam que as ações em geral estão com mais prêmio neste momento do que as debêntures, mas aconselham analisar caso a caso. As ações devem se beneficiar com os cortes de juros. Já as mudanças na regulação de papéis isentos de imposto causaram uma corrida por debêntures " e a alta demanda levou à redução nas taxas desses títulos.
Nicole Vieira, sócia e membro do comitê de gestão de crédito da Polo Capital, vê o cenário econômico mais favorável às ações, mas recomenda analisar caso a caso.
" A Bolsa não está com fluxo de investidores, mas o retorno potencial é muito grande com os cortes de juros previstos. Já para o crédito, o fluxo está grande e as taxas das debêntures estão caindo agora " explica Nicole. " Tem oportunidade ainda em crédito privado, mas as taxas podem diminuir mais.
A especialista da Polo Capital afirma que a ação deve ser comprada quando o negócio é promissor, enquanto a debênture depende mais do passado, ou seja, de resultados financeiros que mostrem ou não a capacidade da empresa de honrar o pagamento de sua dívida:
" Uma companhia endividada pode ser muito ruim para as debêntures, mas não necessariamente para as ações " afirma Nicole.
A emissão de ações pode afetar as debêntures, acrescenta. Um exemplo é o caso do Magazine Luiza. A debênture da empresa oferecia uma taxa muito alta no fim de 2023, mas agora está pagando menos, porque o Magazine Luiza anunciou que emitirá novas ações na Bolsa, o que deve melhorar a sua estrutural de capital. Nesse mesmo intervalo, o preço da ação aumentou, com os investidores vendo valor maior na empresa. Pode ser que no futuro a ação avance mais que a debênture, mas não existe garantia.
Alternativas não faltam
Robert Balestrery, sócio-fundador e chefe de investimentos do Grupo SWM, observa que empresas que são grandes geradoras de caixa e têm investimentos baixos costumam ser boas distribuidoras de dividendos. Nesses casos, vale mais comprar as ações.
Esse é o caso da Vale, por exemplo. A taxa de retorno com dividendos (chamada de dividend yield) aguardada para o ano é maior do que a taxa de retorno esperada com a debênture.
" No caso da Vale, é mais interessante comprar a ação do que a debênture. O retorno será maior com dividendos, sem contar a valorização do preço da ação, que pode acontecer " diz Balestrery.
Já as companhias que são grandes geradoras de caixa mas têm investimentos altos costumam pagar dividendos baixos. Nesses casos, normalmente é melhor investir nas debêntures.
A Suzano é um exemplo de empresa assim. A taxa de retorno aguardada para o ano com a debênture é maior que a taxa de retorno esperada com dividendos.
" No caso da Suzano, é muito melhor comprar a debênture do que a ação. Ela tem uma nota de crédito alta e gera um elevado caixa, mas não é uma boa distribuidora de dividendos " observa o especialista do Grupo SWM.
Alternativas não faltam para os investidores. O essencial é analisar os benefícios e riscos para seu perfil e objetivos " e, na dúvida, ter um pouco de tudo.
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