Miércoles, 08 de Mayo de 2024

‘Cashback’ e cesta básica vão beneficiar os mais pobres

BrasilO Globo, Brasil 26 de abril de 2024

A proposta do governo para a regulamentação da Reforma Tributária prevê uma cesta básica ...

A proposta do governo para a regulamentação da Reforma Tributária prevê uma cesta básica nacional com alíquota zero, e uma versão com redução de 60% sobre o imposto padrão. Estarão sujeitas a essa tributação parcial carnes bovina, suína, ovina, caprina e de aves.
O Ministério da Fazenda argumenta, no entanto, que as carnes ficarão mais baratas para a população mais pobre por meio do cashback, a devolução de parte do imposto pago. Terão direito ao cashback as famílias que ganham até meio salário mínimo (atualmente R$ 706) por pessoa, incluídas no Cadastro Único do governo federal (CadÚnico). Neste critério estão incluídas 28,8 milhões de famílias, segundo o governo.
Com isso, nos cálculos do diretor da Secretaria de Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Rodrigo Orair, o cashback vai beneficiar cerca de um terço da população brasileira, ou 73 milhões de pessoas. Ele ressaltou que há uma maior concentração de crianças de zero a 6 anos em famílias de baixa renda.
Segundo cálculos dos técnicos da Fazenda, hoje a cesta básica é onerada em 8% e será zerada. No caso das carnes, a alíquota paga hoje é de 11,3%, em média. Com a redução de 60% da chamada cesta estendida, mais o cashback, o tributo para os mais pobres deverá ficar em torno de 8,5%.
Para o resto da população, estima-se que, na cesta estendida, a tributação passe dos atuais 15,8% para 10,6%.
Abras fará outra proposta
A indústria de alimentos criticou o fato de as carnes ficarem fora da cesta com alíquota zero. Em nota, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) informou que irá apresentar, nos próximos dias, uma nova proposta com produtos que considera ideais para compor a cesta, com a inclusão das proteínas de origem animal, que "são parte essencial da alimentação saudável."
O cashback também vai ser aplicável às contas de consumo, como luz, gás, água e esgoto (veja infográfico acima). Outros produtos e serviços cujo pagamento tenha frequência mensal ou superior também poderão ter o cashback no momento da cobrança. Já em relação aos demais bens, como produtos de supermercado, está em estudo a melhor forma de fazer essa devolução: na boca do caixa ou via meios de pagamentos já existentes para os inscritos no CadÚnico.
O mecanismo começaria a valer em 2027 para a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS, federal) e em 2029 para o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS, de estados e municípios).
Outro ponto da reforma é o Imposto Seletivo, apelidado de "imposto do pecado", que vai incidir sobre produtos considerados nocivos à saúde ou ao meio ambiente, como bebidas alcoólicas ou açucaradas, cigarros, veículos poluentes e extração de minério de ferro, de petróleo e de gás natural.
As alíquotas ainda não foram definidas, mas o governo prevê que os impostos sobre bebidas alcoólicas sejam proporcionais ao teor de álcool do produto. Ou seja, o imposto da cachaça, de maior teor alcoólico, será superior ao da cerveja, por exemplo.
Em nota, o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv) afirmou que "ainda é cedo" para avaliar a proposta e acrescentou que o setor está empenhado em contribuir para que o modelo "não eleve a carga tributária".
O Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), por sua vez, ressaltou que acompanha as propostas das alíquotas, "para avaliar seus impactos". E argumentou que uma maior tributação contribuiria para o aumento da produção ilegal.
Bianca Xavier, professora de Direito na Fundação Getulio Vargas (FGV), lembra que já se esperava a inclusão de cigarros e bebidas alcoólicas, mas surpreendeu a de veículos:
" Já temos a Cide sobre os combustíveis, justamente porque os carros poluem. São dois impostos com os mesmos objetivos.
Profissionais liberais
Também houve críticas à maior tributação sobre commodities exportadas pelo país, como petróleo e minério de ferro. Bianca ressalta que isso contraria regras vigentes em outros países, que não "exportam impostos". Marcel Alcades, do escritório Mattos Filho, lembra que o petróleo tem peso relevante na economia:
" Embora o governo tente incentivar energias renováveis, a importância econômica do petróleo, na geração de emprego e renda, deveria pesar.
Para o setor automobilístico, a inclusão de veículos no Imposto Seletivo pode atrasar a renovação da frota. Em nota, a Anfavea, que reúne as montadoras, afirmou que "arenovação da frota é fundamental para a descarbonização, e o Imposto Seletivo tem por objetivo exatamente o contrário " afastar o consumo, tal como ocorre com bebidas alcoólicas e tabaco."
Já os profissionais liberais calculam que pagarão mais imposto, apesar de terem recebido uma redução de 30%. Eles ficariam com uma tributação em torno de 18,6%, contra 14% hoje, estima Flavio Paschoa Junior, membro da Comissão de Direito Tributário da OAB em São Paulo.
" Defendemos um regime diferenciado porque, na empresa, você tem a figura de proteção patrimonial do sócio " diz o advogado.
La Nación Argentina O Globo Brasil El Mercurio Chile
El Tiempo Colombia La Nación Costa Rica La Prensa Gráfica El Salvador
El Universal México El Comercio Perú El Nuevo Dia Puerto Rico
Listin Diario República
Dominicana
El País Uruguay El Nacional Venezuela