Domingo, 19 de Mayo de 2024

Ex-ditador fujimori reescreve sua história no tiktok

BrasilO Globo, Brasil 6 de mayo de 2024

Aos 85 anos, após uma década e meia atrás das grades por crimes contra os direitos ...

Aos 85 anos, após uma década e meia atrás das grades por crimes contra os direitos humanos, o ex-ditador do Peru Alberto Fujimori está empenhado em se tornar um influencer. Desde o início de março, quando estreou nas redes sociais, ele acumulou 161 mil seguidores e 449 mil posts com quase três milhões de visualizações no TikTok. Também mantém ativas suas contas no Facebook e no Twitter, onde é usuário ativo. E recentemente lançou seu próprio site, com o título de "o presidente que mudou o Peru".
Os analistas políticos se perguntam se o peruano-japonês, chamado pela população de "chino", que governou o país nos anos 90, está em campanha visando 2026 ou se pretende ser o trampolim midiático que sua filha Keiko precisa para chegar ao poder após três tentativas fracassadas " em que perdeu por pouco. Embora há alguns anos tenha sido promulgada no país uma lei que proíbe que condenados por corrupção se candidatem a cargos eletivos, o Tribunal Constitucional (TC) deixou a porta entreaberta meses atrás ao declarar inconstitucionais as restrições para os que já cumpriram suas penas. Fujimori cumpriu 16 dos 25 anos a que foi condenado e foi solto em dezembro do ano passado, por uma ordem do tribunal, em desacato à Corte Interamericana de Direitos Humanos, com base em um indulto presidencial concedido em 2017 por "razões humanitárias".
Novas audiências
Do idoso debilitado que saiu da prisão de Barbadillo com um tanque de oxigênio para o influencer que passeia pelos shoppings e tira fotos com seus seguidores, há uma mudança abismal. Para o bem ou para o mal, Fujimori nunca deixou de ser um grande influenciador da política peruana. E como tal, está em busca de novas audiências: jovens que ainda engatinhavam quando ele estava no governo ou que nem sequer tinham nascido.
De todo o seu conteúdo, os vídeos mais controversos são aquelas que ele batizou de "videomemórias", clipes de cerca de quatro minutos onde se propõe a reescrever sua imagem.
No primeiro capítulo de uma saga que até agora tem cinco partes, o ex-autocrata afirma que não é um assassino, que apenas defendeu o povo e que sua única culpa é ter vencido o terrorismo. Em um dos ambientes da casa de sua filha Keiko, onde ele mora, Fujimori fala para a câmera:
" O terrorismo e seus aliados distorceram a história: eles transformaram o Sendero Luminoso e o MRTA [Movimento Revolucionário Túpac Amaru] em vítimas e o governo peruano em assassino.
No vídeo inicial, Fujimori garante que não há uma única prova contra ele e que foi condenado injustamente, basicamente por ser o chefe de um governo acusado de crimes. Para o advogado e cientista político Juan de la Puente, a afirmação é falsa, pois não há nenhum processo judicial ou político que indique que o Estado foi assassino:
" O que foi apontado é que houve uma prática sistemática de violações aos direitos humanos no período de violência. Não houve nenhum esforço por parte dos grupos políticos para transformar o Sendero em vítima. Pelo contrário, depois que Fujimori caiu, os processos contra o terrorismo continuaram.
leitura nas entrelinhas
O cientista político José Alejandro Godoy, por sua vez, faz uma leitura nas entrelinhas sobre o fato de Fujimori ter usado o termo "aliados":
" Significa que as organizações de direitos humanos e o jornalismo investigativo que expuseram os eventos relacionados ao grupo paramilitar Colina [que assassinou e desapareceu com 49 pessoas consideradas subversivas] são aliados do terrorismo. É uma dicotomia em que qualquer um que critique seu governo não é apenas um inimigo, mas cúmplice dos grupos terroristas.
Hoje, completam-se cinco meses desde que Fujimori foi solto da prisão. E sem a cânula nasal e o balão de oxigênio, o "chino" continua a se consolidar como um verdadeiro influenciador.
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