Com queda em alimentos, prévia do ipca cai para 0,3%

O IPCA-15, considerado a prévia da inflação, desacelerou e ficou em 0,3% este mês, informou ontem o IBGE. Ainda assim, o índice ficou acima da expectativa do mercado. Os preços dos alimentos cederam, mas os custos com transporte continuaram a pressionar o indicador, especialmente as passagens aéreas. A alta da gasolina, refletindo o reajuste da Petrobras nas refinarias, também freou uma desaceleração maior.
Já em 12 meses, o índice subiu e acumula alta de 4,45%, contra 4,06% no período anterior e perto do teto da meta de inflação, de 4,5% este ano. O objetivo central é 3%.
Selic deve ficar estável
Analistas de mercado projetavam que o índice ficasse em 0,22%. O grupo Alimentação e bebidas, que vinha puxando a inflação para cima nos últimos meses, teve queda de 0,44% em julho. Houve retração na alimentação em casa (-0,70%) e um crescimento mais lento dos preços das refeições fora do domicílio (0,25%, contra 0,59% no mês anterior).
"Prevemos que a deflação dos alimentos no IPCA fechado de julho será ainda mais intensa, em linha com nossos monitores de preços", estima a XP, lembrando que é o primeiro índice com a coleta normalizada no Rio Grande do Sul.
O grupo Transportes avançou 1,12%, com salto de 19,21% nas passagens aéreas. Subiram ainda gasolina (1,43%), etanol (1,78%) e óleo diesel (0,09%), embora o gás natural veicular (GNV) tenha recuado 0,25%.
Segundo a XP, o índice veio pior que o esperado, mas, como a pressão veio de itens mais voláteis, como passagens aéreas, a corretora avalia que o Banco Central manterá a taxa básica de juros (Selic) no atual patamar, de 10,5% ao ano. O Citi tem avaliação igual.
"Em nossa visão, a surpresa de alta nos preços das passagens aéreas levará os economistas a revisarem para cima suas previsões para o IPCA de julho", diz o relatório. Mas a XP não mudou sua previsão para o ano, de 4,3%.
Ibovespa recua 0,37%
Outra frente de pressão veio da energia elétrica residencial, com alta de 1,2%. Em julho, passou a vigorar a bandeira tarifária amarela, que acrescenta R$ 1,885 a cada 100kWh consumidos.
" O qualitativo do índice veio bem pior que o esperado, especialmente em serviços, indicando a dificuldade da desaceleração dos núcleos de inflação (que retiram as variações e itens mais voláteis). O IPCA de julho deve ser revisto para cima e, por consequência, o IPCA de 2024 também " diz Leonardo Costa, economista do ASA Investimentos.
O IPCA-15 pesou para que o Ibovespa fechasse em queda de 0,37%, aos 125.954 pontos. O dólar comercial recuou 0,16%, a R$ 5,6478.
" A perspectiva de inflação no Brasil ajuda a manter os juros nos níveis atuais, e aí a Bolsa não vai tão bem " diz Norberto Sangalli, analista de renda variável da gestora Nippur.
Com a perspectiva maior de inflação, os juros futuros também apresentaram alta, sendo negociados acima dos 12% em janeiro de 2027, 2028 e 2029. (Paulo Renato Nepomuceno, com agências)
19,21%
Foi a alta das passagens aéreas no IPCA-15 de julho
O reajuste veio acima do que esperava o mercado. Gasolina também subiu
-0,44%
Foi a queda nos preços dos alimentos
O índice foi puxado pela alimentação no domicílio. As refeições fora de casa subiram menos no mês