Lunes, 16 de Septiembre de 2024

Negócios do bem garantem renda e educação no sertão

BrasilO Globo, Brasil 7 de septiembre de 2024

No sertão de Pernambuco e Ceará, duas fábricas de beneficiamento de castanha de caju da ...

No sertão de Pernambuco e Ceará, duas fábricas de beneficiamento de castanha de caju da Amigos do Bem estão a todo vapor, trabalhando em dois turnos. Com 130 mil pés de caju e uma produção de 40 mil toneladas de amêndoas ao mês, as fábricas abastecem as marcas próprias de Pão de Açúcar e Carrefour, além de outras marcas como Mãe Terra, da Unilever, alcançando 1,5 mil pontos de venda em todo o país.
Fundada há 31 anos, a ONG paulista comanda hoje um dos maiores negócios sociais e de impacto do país. Segundo estudo realizado pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), o Retorno sobre Investimento Social (ou SROI, na sigla em inglês) da Amigos do Bem é de R$ 6,45 para cada R$ 1 investido no programa " um dos mais altos do país.
Os negócios sociais somam ainda uma fábrica de doces e de pimentas, seis oficinas de costura com 300 máquinas, licenciamento de marca e um e-commerce próprio com Produtos do Bem. Um programa de microcrédito financia ainda novos negócios e startups no Ceará.
Somados, os negócios sociais geram R$ 30 milhões, recursos que são 100% investidos no projeto: geram renda direta para 1,5 mil pessoas em uma região onde as oportunidades de trabalho são escassas e mantêm 2,5 mil crianças na escola.
O lucro social, contudo, representa apenas 30% do orçamento da ONG, que conta com doações para seguir distribuindo mensalmente cestas básicas, roupas e produtos de higiene pessoal a 150 mil pessoas em 300 povoados no interior de Pernambuco, Ceará e Alagoas. Tudo na Amigos do Bem é em grandes proporções.
" Temos 10 mil crianças e jovens nos nossos Centros de Transformação. Quando vamos doar sapatos, são dez mil pares " diz a fundadora da Amigos do Bem, Alcione Albanesi.
Investir em fábrica, plantação de caju e oficinas de costura estava longe dos planos de Alcione quando, em 1993, mobilizou amigos para levar cestas básicas para o sertão. Depois de dez anos levando não só alimentos, mas também brinquedos e atendimento médico e odontológico com voluntários, Alcione e sua equipe partiram para uma atuação mais estruturante, furando poços e investindo em moradia.
Sem deixar de manter as ações anteriores, na última década a ONG encontrou a sua vocação na educação e nos negócios sociais.
" Quem tem fome não é livre, quem não sabe ler e escrever também não é livre. Tem que ter o que comer para estudar. Tem que ter educação para trabalhar. " diz Alcione, que há 20 anos vendeu a fábrica de lâmpadas FLC, fundada por ela, para se dedicar exclusivamente à filantropia.
Na adolescência, a mãe de Alcione até tentou colocá-la em cursos de etiqueta e boas maneiras. Do alto de seus 1,75 m, ensaiou os primeiros passos como modelo, mas se interessou em fazer moda. Montou uma confecção e, aos 17, já tinha 80 funcionárias, vendendo para as redes Marisa e C&A. Aos 25 anos, vendeu o negócio para abrir uma loja de material elétrico no centro de São Paulo. Pouco depois, fundou a FLC.
Alcione canalizou a veia empreendedora para a Amigos do Bem: investiu em terras no sertão e fundou quatro pequenas Vilas do Bem: Catimbau e Inajá, em Pernambuco, Torrões (AL) e Mauriti (CE). Hoje elas abrigam 550 casas, 123 cisternas, 63 poços ativos e contam com redes de fibra óptica " tudo mobilizado por meio de doações.
Cada vila tem a sua escola municipal e um Centro de Transformação, onde crianças e jovens aprendem a se desenvolver com aulas de música, teatro, inglês e computação. Diariamente, cem ônibus percorrem dezenas de quilômetros para buscar as crianças nos povoados mais afastados. No último Ideb, a escola de Inajá tirou nota 9,2 " a segunda melhor de Pernambuco " e a de Catimbau, 8,3. A média do país é 6. As escolas apadrinhadas há menos tempo tiraram 7,5 (Ceará) e 6,5 (Alagoas).
" Para este ano, vamos centrar esforços na capacitação de professores dessas escolas " diz Alcione.
Hoje, os negócios sociais geram renda suficiente para manter as escolas e os empregos locais " enquanto as demais ações são realizadas com a ajuda de doações de empresas, pessoas físicas e 10,7 mil voluntários. Para gerar mais empregos no sertão, Alcione está empenhada em uma nova frente: fechar contratos para a confecção de uniformes para empresas.
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