No top-5, brasil faz campanha que pulveriza recordes na paralimpíada
irretocável
irretocável
O Brasil fez campanha histórica nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024, encerrados ontem. Terminou em quinto lugar no quadro de medalhas, posição inédita, com 89 conquistas, um recorde. Até então, a melhor colocação do Brasil havia sido o sétimo lugar, com 72 medalhas. Também foi recorde a quantidade de ouros (25), pratas (26) e bronzes (38). Ao todo, 12 modalidades foram ao pódio, com destaque para atletismo (36), natação (26) e judô (8). A nadadora Carol Santiago, porta bandeira na Cerimônia de Encerramento ao lado do canoísta Fernando Rufino, que ontem conquistou o último ouro do Brasil, é a nova recordista entre as mulheres com mais ouros (6) e entra no Top 5 de todos os tempos.
" O resultado é excepcional. Hoje a sensação é que o trabalho compensa. Temos atletas guerreiros, dignos de todas as homenagens " declarou Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico do Brasil (CPB) " Saltar de 72 para 89 foi um absurdo. Além disso, três modalidades que nunca conquistaram medalha, triatlo, tiro e badminton, foram ao pódio. A gente avançou no halterofilismo, muito orgulho. Uma campanha irretocável.
O halterofilismo teve quatro medalhas, dois ouros e dois bronzes, todas de mulheres. Um exemplo do que ocorreu com a delegação nacional: as mulheres, cerca de 46% do total de atletas, foram protagonistas e conquistaram 13 medalhas douradas, uma a mais que os homens. E foram a 43 dos 89 pódios. Elas também fizeram parte de outras três conquistas mistas, em equipes formadas por homens e mulheres. O resultado feminino de Tóquio, antes o melhor, teve 7 ouros, 7 pratas e 12 bronzes, 26 no total.
Em Paris, Mizael disse que esse resultado foi balizado por planejamento de 2017. É que para a Rio-2016, o CPB tinha como meta entrar no Top 5. Depois de falhar, no ano seguinte, a entidade fez um novo plano estratégico que incluía aumentar a participação feminina no paradesporto, meta de 70 e 90 medalhas e o Top 8 em ouros. Em Paris, todos foram alcançados.
" A gente tem de seguir essa lógica de oportunizar e criar condições para a participação das mulheres ser cada vez mais destacada. A China, que ganhou 220 medalhas e ficou em primeiro lugar, teve cerca de 60% das medalhas conquistadas por mulheres " comparou o dirigente. " Esse plano de 2017 foi uma bússola que nos guiou até aqui. Passamos a considerar uma nova dinâmica, deixamos de fazer a inclusão apenas após repercussão no esporte e passamos a ter a inclusão de fato na nossa missão. Fomos até as pessoas e não apenas organizamos competições, destacando os melhores para as seleções.
de norte a sul
Assim, o CPB criou festivais paralímpicos, escolinhas, campings escolares e os centros de referência no Brasil inteiro. Mizael lembrou que o Brasil teve medalhas conquistadas por atletas de todas as regiões do país e que isso "só acontece após desenvolvimento". Ele diz que será preciso olhar mais para a região Norte.
" É a região com o maior número de pessoas com deficiência e o menor número de oportunidades. Temos um centro de referência em cada estado, mas é muito pouco. Será preciso maior investimento financeiro.
Dentro desse pensamento, contou que o CPB, em projeto piloto, assumirá o curso de Educação Física de crianças com deficiência das escolas públicas do Estado de São Paulo. Se der certo, segundo ele, o projeto pode ser replicado em outros estados.
Entre as lições de Paris-2024, ele citou o ciclismo. O Brasil ficou atrás da Holanda no quadro de medalhas por por dois ouros. A Holanda teve desempenho destacado no ciclismo (12 de ouro), modalidade que o Brasil não conquistou nenhum dos 51 pódios (a Holanda teve 56 medalhas no total, menos que o Brasil).
" Seríamos quarto colocado se não fosse o ciclismo - lamenta Mizael, que lembra que no ano que vem começará a construção de um velódromo no Cento de Treinamento Paralímpico, bancado pelo governo de São Paulo por R$ 150 milhões.