Lunes, 21 de Octubre de 2024

Etfs mais populares disparam, exceto os de ações brasileiras

BrasilO Globo, Brasil 21 de octubre de 2024

Os fundos de índices (também chamados de ETFs, sigla de "Exchange-traded Funds") são ...

Os fundos de índices (também chamados de ETFs, sigla de "Exchange-traded Funds") são alguns dos instrumentos mais fáceis e baratos para diversificar a carteira. Por meio deles é possível investir de forma simples e barata em ações brasileiras e estrangeiras, renda fixa, criptomoedas e até ouro. E em 2024, nessa função de diversificação, dos dez ETFs com o maior número de investidores, sete têm alta no ano. Mas nenhum desses sete segue a Bolsa brasileira.
Segundo dados da própria B3, a lista dos ETFs com o maior número de cotistas inclui fundos que acompanham o S&P 500, do mercado de ações americano, e índices de criptomoedas, de ações chinesas e até mesmo de ouro. Além, é claro, de ETFs que replicam índices da Bolsa brasileira, como o Ibovespa (o principal da B3) e o índice de Small Caps (que reúne as empresas com menor valor de mercado), que têm deixado a desejar.
Mas isso não quer dizer que os investidores desses produtos estão em maus lençóis. Pelo contrário. Quem usa os ETFs para diversificar pode estar se dando bem. Isso porque, da lista dos dez ETFs com mais investidores, os sete que têm alta no ano tiveram ganhos bem elevados, todos acima de 35%, segundo um levantamento feito pelo Valor Data.
Segundo especialistas, existem quatro principais razões para o sucesso dos ETFs "gringos" até agora. A primeira delas é a alta das Bolsas americanas, sustentada principalmente pelas empresas de tecnologia. A segunda é a alta das criptomoedas no começo do ano. Outro ponto foi a busca dos investidores por proteção em meio a um cenário nebuloso. Por fim, os estímulos do governo chinês animaram o mercado em relação ao país asiático.
O impulso ‘tech’
O fato de a Bolsa americana ter subido bastante no ano impulsionou ETFs como o IVVB11, que acompanha o índice S&P 500 e o NASD11, que segue o índice Nasdaq-100. E uma das principais razões vem do segmento de tecnologia, principalmente por conta da popularização da inteligência artificial (IA). Com a perspectiva de que essas ferramentas se tornem cada vez mais eficientes e necessárias, empresas de tecnologia dispararam neste ano.
" Quando falamos de tecnologia, falamos das big techs, e hoje, para a Bolsa americana, elas têm um peso muito grande " observa o economista Rafael Panonko.
Prova disso é a alta de mais de 44% do IVVB11. Esse ETF acompanha o S&P 500, que tem quase 40% de concentração em tecnologia. O NASD11, que segue o Nasdaq-100 (índice das 100 maiores empresas listadas na Bolsa que tem a maior concentração de empresas de tecnologia) teve um desempenho semelhante e acumula mais de 41% de valorização em 2024.
Mas tendo em vista que eles já subiram tanto, será que há fôlego para mais? Para os analistas, sim. Primeiro porque as empresas de tecnologia devem continuar entregando resultados positivos. Além disso, os juros começaram a cair nos EUA. Com isso, a renda fixa passa a render menos e os investidores começam a buscar oportunidades em ativos mais arriscados, como as ações.
" O investidor deveria ter o setor (americano) de tecnologia na carteira para diversificar. Falamos muito da IA, dos chips. O mercado se antecipou para as empresas envolvidas diretamente com o desenvolvimento da IA, mas ela ainda pode trazer ganhos de produtividade para as (outras) empresas. Temos visto que o potencial é muito grande mesmo, então o lucro das empresas ainda vai ser bastante impactado positivamente " afirma Marcelo Nantes, chefe de renda variável da gestora ASA.
Panonko lembra ainda que, com os juros menores nos Estados Unidos, as Bolsas americanas como um todo tendem a se beneficiar, independentemente do resultado das eleições presidenciais por lá:
" A Bolsa nos EUA segue em tendência altista, especialmente porque o Fed, banco central de lá, está reduzindo juros. Então, investir em ETFs que repliquem esse mercado é uma forma mais simples e objetiva de se expor a esse mercado e aproveitar os ganhos, independentemente de quais empresas se valorizem mais.
Um segundo ponto destacado pelos analistas foi a alta das criptomoedas no começo deste ano, o que beneficiou ETFs que acompanham esses ativos, como BITH11, QBTC11 e HASH11, todos com ganhos acima de 65% no ano.
Parte importante desse desempenho positivo veio de uma mudança regulamentar nos EUA. Em janeiro, a SEC, equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nos EUA, autorizou o lançamento de ETFs com exposição direta a bitcoin. Com isso, gestoras relevantes passaram a lançar ETFs relacionados aos criptoativos, o que aumentou significativamente o fluxo de capital para esses investimentos. O resultado, claro, foram altas consistentes dos criptoativos e, consequentemente, dos fundos que os acompanham.
Só que isso não se sustentou por muito tempo. Passada a euforia inicial, os ETFs "gringos" de criptomoedas perderam um pouco do fôlego. E isso se deve a duas razões principais: a realização de lucros (com investidores vendendo os ativos após a alta para embolsarem os ganhos) e as incertezas nos EUA, que fizeram o investidor correr para ativos considerados mais seguros. Os próprios analistas sugerem que o investidor até pode ter uma parcela alocada em criptos, desde que estejam preparados para as fortes oscilações que esses produtos podem ter.
" Os ETFs de criptomoedas são voláteis mesmo, acho difícil o investidor ter grande posição nesses ativos. Bitcoin cair, por exemplo, 70% em alguns meses é normal. Então, o investidor precisa ter estômago " afirma Panonko.
Segundo Evandro Medeiros, da Suno Research, alguns ETFs de criptomoedas costumam ter taxas de administração mais elevadas, o que pode tirar parte de sua atratividade. Por isso, pode ser mais vantajoso investir diretamente nas criptos e não em seus ETFs.
" Pode ser mais eficiente investir nelas via corretoras e deixar o dinheiro lá " afirma.
Muita cautela nessa hora
A busca por proteção fez os investidores fugirem das criptomoedas, o que ajudou ETFs mais conservadores, como o GOLD11, que busca replicar o desempenho do ouro.
" O ouro é uma reserva de valor provada. A busca por proteção em meio a um cenário mais nebuloso ajudou esse ativo "afirma Medeiros.
No entanto, segundo o analista da Suno, quando se olha no longo prazo, a renda variável americana tem um desempenho melhor do que o ouro. Para ele, o ativo já teve uma valorização forte recentemente e, portanto, não há mais muito espaço para uma alta significativa, ao menos no curto prazo:
" Eu não investiria em ouro após uma alta de quase 50%. Mas em momentos de incerteza, pode ser uma boa pedida.
Outro fator que ajudou o XINA11, ETF que reúne empresas chinesas e acumula alta de 46,4% no ano, foi o pacote de estímulos anunciado por Pequim. A China vem enfrentando uma crise desde a pandemia e sua recuperação parece longe de engrenar. Embora não seja raro o governo anunciar medidas de estímulo, o pacote anunciado em outubro pegou o mercado de surpresa por ser um dos maiores de sua história e ajudou o mercado chinês nas últimas semanas.
" É preciso fazer um alerta de que essa alta do XINA11 aconteceu nas últimas duas semanas. Para a China voltar a crescer, depende do subsídio do governo. E isso deve acontecer, porque o governo chinês leva muito a sério as taxas de crescimento " diz Panonko.
Medeiros alerta que essa alta forte pode não ser duradoura:
" No longuíssimo prazo deve haver um crescimento na China, e o mercado acionário deve se beneficiar, mas o investidor se basear em estímulos de curto prazo é arriscado.
Para os analistas, o fraco desempenho dos ETFs relacionados à Bolsa brasileira se justifica pelas mesmas razões que vêm travando a alta do Ibovespa: as incertezas em relação ao ambiente fiscal, que afasta os investidores estrangeiros devido à insegurança, e a Selic mais alta, que torna a renda fixa ainda mais competitiva.
" A Bolsa brasileira está muito dependente do fluxo de estrangeiros. Temos a questão fiscal e a Selic alta. Com juros altos, a Bolsa brasileira tem pouca atratividade, dado que tem a Selic (10,75% ao ano), o investidor prefere a renda fixa " afirma Nantes, do ASA.
Apesar de divergirem sobre se é ou não um bom momento para se investir nos ETFs da Bolsa brasileira, os especialistas concordam que destravar a questão fiscal no país pode ser um dos principais gatilhos para o Ibovespa subir, atraindo mais investidores de fora.
La Nación Argentina O Globo Brasil El Mercurio Chile
El Tiempo Colombia La Nación Costa Rica La Prensa Gráfica El Salvador
El Universal México El Comercio Perú El Nuevo Dia Puerto Rico
Listin Diario República
Dominicana
El País Uruguay El Nacional Venezuela