Brasileiro deve pagar menos pelo azeite de oliva em 2025
Quebra de safra, escassez e altas recordes. A crise do azeite de oliva na Europa, ...
Quebra de safra, escassez e altas recordes. A crise do azeite de oliva na Europa, provocada por seca e temperaturas elevadas, parece estar chegando ao fim. Após dois anos de baixa na produção europeia, a volta das chuvas e as boas condições de colheita devem reequilibrar o mercado.
No Brasil, o preço do azeite subiu em média 21,6% no acumulado do ano até novembro. Dependente das importações para suprir a demanda interna, o país ficou vulnerável às oscilações do mercado por causa da menor oferta, agravada pela alta do dólar no ano.
Com a recuperação dos olivais na Europa, o preço do azeite deverá cair pelo menos 20% já no início de 2025, com o litro do extravirgem no atacado passando de R$ 80 para R$ 64, aponta levantamento da companhia italiana Filippo Berio, uma das principais produtoras de azeite do mundo.
A empresa estima que a produção global em 2024/25 chegará a 3,1 milhões de toneladas, aumento de 23% em relação à última safra, retomando os padrões tradicionais do setor. Em Portugal, o principal fornecedor para o Brasil, a Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal (Olivum) estima produzir 180 mil toneladas de azeite, o segundo melhor resultado histórico.
‘Volta à normalidade’
Na Espanha, maior produtor global de azeite, responsável por 45% do consumo mundial, a safra atual deve crescer 50% em relação à de 2023/24 e avançar 80% frente a 2022/23, duas temporadas bastante afetadas por problemas climáticos. Segundo o Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação espanhol, a produção de azeite deve alcançar 1,24 milhão de toneladas.
Esse aumento é impulsionado pelos resultados na Andaluzia, onde se concentra grande parte da produção espanhola. A colheita na região está estimada em 1,021 milhão de toneladas, o que representa alta de 77% em relação ao ano anterior. Castela-La Mancha também se destaca, com projeção de 140 mil toneladas, um aumento de 29%.
Luís Planas, ministro da Agricultura da Espanha, mostra-se otimista com os dados. Em nota, ele diz que a recuperação do potencial produtivo "permitirá que os mercados voltem à normalidade". O cenário deverá equilibrar a oferta e a procura pelo produto, com 980 mil toneladas destinadas à exportação e 480 mil toneladas ao consumo interno, altas de 32% e 17%, respectivamente, em relação ao ano anterior.
Enquanto a produção se recupera na Europa, o oposto acontece no Brasil, onde o clima continua desafiando os olivicultores. Os azeites nacionais, que ganharam competitividade nas gôndolas nos últimos anos com a alta de preço dos importados, devem enfrentar dificuldades.
No Brasil, ano difícil
Nilton Oliveira, consultor especializado em olivicultura, acredita que o consumidor interessado no azeite nacional terá dificuldade para encontrá-lo nos supermercados:
" Vai se tornar um item raro e caro. O produtor enfrentará mais despesas. Se conseguir cobrir os custos de produção, já será motivo para comemorar.
O Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro, deve repetir o resultado da safra anterior, com 220 mil litros, queda de 67% em relação a 2022/23. Segundo Renato Fernandes, presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), isso se deve às enchentes que atingiram o estado em maio e às chuvas intensas de setembro:
" Enfrentamos um ano difícil em termos climáticos. O excesso de umidade, tanto no ar quanto no solo, diminui a carga de frutas. Além disso, a chuva dificulta a polinização das flores, que dependem de um tempo mais seco.
A escalada do dólar também preocupa os produtores, já que parte dos insumos é importada.
No Sudeste, as expectativas para 2025 também não são boas. Fatores climáticos devem reduzir a produção em 30% frente a 2023/24, que já foi um ciclo de queda.
" Tivemos poucas horas de frio, não o suficiente para garantir uma boa floração " diz Moacir Batista, presidente da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assolive).