Lunes, 20 de Enero de 2025

Aos 92 anos, morre o jornalista léo batista

BrasilO Globo, Brasil 20 de enero de 2025

obituário/Léo Batista um adeus à voz marcante

obituário/Léo Batista um adeus à voz marcante
Morreu ontem, aos 92 anos, Léo Batista, um dos maiores jornalistas da história do Brasil. O âncora e repórter, que esbanjou simpatia ao longo de quase um século de vida, se identificou mais com a imprensa esportiva ao longo da carreira, mas soube marcar espaço em muitas outras coberturas. Além de fazer parte da bancada do Jornal Nacional, passou 40 anos cobrindo o Carnaval do Rio de Janeiro no rádio e na televisão. Ele faleceu no hospital Hospital Rios D’Or, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, em decorrência de complicações de um câncer de pâncreas.
O velório ser aberto ao público, hoje, de 14h às 16h30, no ginásio Oscar Zelaya, em General Severiano, sede do Botafogo.
Seu Léo, como sempre foi carinhosamente chamado, dedicou cerca de 77 anos ao jornalismo, sendo 55 deles só na TV Globo, tornando-se inspiração para várias gerações de profissionais que aprenderam com ele, fosse através do contato direto ou como espectador de sua chamada "voz marcante".
O começo da carreira foi na adolescência, aos 15 anos, trabalhando no serviço de alto falantes de Cordeirópolis, cidade do interior de São Paulo na qual João Baptista Belinaso Neto nasceu, em 22 de julho de 1932. Nela, o filho de italianos foi descoberto e não parou mais de conquistar espaços.
De Belinaso Neto a Léo
Em 1952, após passar por veículos de várias cidades do estado, chegou ao Rio de Janeiro para ser locutor no programa "O Globo no Ar", da Rádio Globo, local onde começou a ser chamado de Léo Batista. Antes de narrar São Cristóvão x Bonsucesso, no Maracanã, o então chefe Luiz Mendes (1924-2011) reclamou do nome que Léo usava, Belinaso Neto.
" O Luiz Mendes disse que não conseguia falar meu nome, Belinaso. Aí comecei a pensar uma porção de sugestões. Tenho uma irmã que chama Leonilda. Aí era Nilda e sobrava um Léo. Do Baptista, eu tirei o P. Foi realizada uma votação e, por unanimidade, todos votaram Léo Batista.
Em 1955, migrou para a televisão, apresentando por 13 anos o "Telejornal Pirelli", da extinta TV Rio.
Apesar de ser um especialista em esporte, Léo Batista sempre foi considerado um "coringa" desde que chegou à TV Globo, que o convidou em 1970. Inicialmente, apenas para trabalhar na Copa do Mundo do México, mas, depois que substituiu Cid Moreira em uma edição do "Jornal Nacional", nunca mais saiu. Tornou-se o primeiro apresentador tanto do "Jornal Hoje", em 1971, quanto do "Esporte Espetacular", em 1973, e também do "Globo Esporte", em 1978. Até então, era o apresentador mais antigo da maior emissora do país. Tudo sempre com seu bom humor.
" Guardadas as devidas proporções, acho que tentei ser pioneiro numa época em que isso não era comum. Cheguei a levar algumas broncas. Não só aprovo, como gosto muito desse estilo. Mas sem exageros, claro " disse Léo em entrevista ao GLOBO, em 2021.
Seu grande leque de atuação o colocou no centro de grandes episódios da História, como, por exemplo, ao ser o primeiro locutor que noticiou a morte do presidente Getúlio Vargas, em 1954, ser um dos jornalistas que transmitiram o primeiro jogo da carreira de Mané Garrincha, maior ídolo do Botafogo, em 1953, e noticiar, em primeira mão, a morte de Ayrton Senna, em 1994.
Léo Batista foi o primeiro narrador de uma transmissão de surfe e de Fórmula 1 na televisão do país, além de marcar época com os gols do Fantástico, que mudaram a forma com que se consumia o futebol nas décadas de 1970 e 1980, acompanhado da famosa "Zebrinha".
" A vida é dinâmica. É preciso evoluir, se adaptar, acompanhar as mudanças na sociedade. Isso vale para tudo " disse ao GLOBO.
Homenagens
Torcedor do Botafogo, o lendário jornalista recebeu uma justa homenagem do clube do coração ainda em vida, quando o alvinegro deu seu nome a uma das cabines de imprensa do Estádio Nilton Santos.
O alvinegro foi apenas um dentre os muitos clubes, como Flamengo, Fluminense, Vasco e Santos, a lamentar a perda. A Prefeitura do Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestaram. A CBF determinou um minuto de silêncio nos jogos dos estaduais.
"Um dos maiores comunicadores do Brasil, Léo Batista marcou gerações com seu jeito especial de comandar quadros esportivos. Botafoguense, estava feliz com o título do Brasileiro e da Libertadores do ano passado. Neste momento de imensa dor, a CBF se solidariza com seus familiares, amigos e com a legião de fãs de Léo Batista", disse o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, em nota divulgada pela entidade.
A aposentadoria era algo que lhe atemorizava, assim como o período da pandemia do Covid-19, que o obrigou a ficar em casa.
" Alguma contribuição eu deixei pelo caminho. Uma vez, ouvi de uma menina de rua uma frase marcante: ‘Só morre de verdade quem nunca mais é lembrado' " disse Léo ao Uol, em 2020.
Página 23: Léo Batista será
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