Trump usa ‘emergência’ para privilegiar fontes fósseis

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou emergência energética no país, abrindo caminho para recorrer a amplos poderes utilizados em momentos de guerra. Estes permitem passar por cima de leis de proteção ambiental para acelerar a construção de oleodutos, expandir redes elétricas e até salvar usinas de carvão.
Ao invocar a segurança nacional e econômica do país, o plano cria as bases para que projetos de energia avancem com uma velocidade sem precedentes " mesmo que isso implique invadir habitats de espécies ameaçadas.
O presidente instruiu as agências federais a revisarem leis e regulamentos, a fim de encontrar brechas para facilitar a produção de mais petróleo, gás natural e eletricidade.
Era de poder
A declaração de emergência, assinada por Trump logo após assumir, há uma semana, abre caminho para que ele estenda os limites de segurança nacional para alcançar suas prioridades energéticas. As fontes de energia identificadas para tratamento especial são as escolhidas pelo presidente: petróleo, gás, carvão, hidrelétrica, geotérmica e nuclear. Eólica e solar ficaram de fora.
" Isso é política de poder em uma era de poder, não de regras " disse Kevin Book, diretor-gerente da consultoria ClearView Energy Partners, em Washington.
Trump justificou a declaração de emergência dizendo que o sistema energético dos EUA de "precariamente inadequado", o que deixa o país "vulnerável a atores estrangeiros hostis". E citou a crescente demanda por eletricidade para alimentar a inteligência artificial.
Críticos afirmam que a ideia de uma emergência energética contradiz a realidade da produção de petróleo e gás. Nos últimos anos, os EUA consolidaram sua posição como o maior produtor de petróleo do mundo.
Uma das maiores mudanças é acelerar a revisão de projetos por meio de consultas emergenciais à Lei de Espécies Ameaçadas. Geralmente reservada para desastres naturais, como incêndios florestais e furacões, essa medida permite aprovações mais rápidas de projetos que podem prejudicar a vida selvagem ameaçada.
" Eles estão vasculhando para utilizar exceções bastante específicas " disse Noah Greenwald, diretor do programa de espécies ameaçadas do Centro para a Diversidade Biológica. " Esta ordem executiva é uma sentença de morte para ursos polares, galinhas da pradaria, grous americanos e muitas outras espécies à beira da extinção.
Líderes da indústria há muito reclamam que conservacionistas usam a Lei de Espécies Ameaçadas para barrar a expansão da exploração de petróleo e a abertura de minas.
Autoridades da Casa Branca dizem que a abordagem de Trump será equilibrada.
" Trump vai liderar em conservação e preservação ambiental, ao mesmo tempo em que promove o crescimento econômico para os americanos " disse Harrison Fields, vice-secretário de imprensa da Casa Branca.