‘Sou muito melhor que o itaú’, diz executivo do bb
Em entrevista para comentar os resultados do Banco do Brasil (BB) no quarto trimestre, o ...
Em entrevista para comentar os resultados do Banco do Brasil (BB) no quarto trimestre, o vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores, Marco Geovanne Tobias, disse que não precisa "convencer analistas" do mercado sobre os rumos do banco e que é "muito melhor que o Itaú".
" Eu não preciso convencer o analista. O analista tem a tese dele. E eu também não sou o Itaú. Eu sou muito melhor do que o Itaú, porque eu queria ver os bancos privados fazendo o que nós fazemos: entregando um terço da carteira deles de agro e atuando como nós em cadeia de valores. O Banco do Brasil é muito peculiar porque ele contribui para o desenvolvimento do país, enquanto contribui para a valorização dos seus acionistas.
A inadimplência acima de 90 dias do Banco do Brasil cresceu puxada pelo agronegócio e fechou dezembro em 3,32%. O setor ocupa tradicionalmente papel de destaque na carteira de crédito do banco e enfrentou um momento complicado no ano passado, com atraso no pagamento de dívidas e crescimento nos pedidos de recuperação judicial, como consequência de eventos climáticos extremos e da queda dos preços no mercado internacional.
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A carteira ampliada do agro encerrou dezembro em R$ 397,7 bilhões, registrando crescimento de 2,9% em relação ao trimestre encerrado em setembro e de 11,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O avanço no trimestre foi impulsionado pelo aumento no crédito para custeio, por investimento e pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Sobre os questionamentos de investidores frente a decisões estratégicas do banco, Tobias reconheceu o mau momento do setor em 2024, mas lembrou que deve haver safra recorde este ano:
" É importante lembrar que a expectativa para este ano é de safra recorde. Continuamos próximos e relevantes nesse setor e estamos esperando colher os frutos, uma vez passada essa turbulência. Não é uma crise generalizada, é muito pontual. A gente acredita na capacidade dos agricultores, que se endividaram muito e fizeram investimentos, em começar a regularizar sua situação com essa safra recorde.
Tarciana Medeiros, presidente do BB, disse, em entrevista coletiva, que há expectativa de queda na inadimplência no agro ao longo do ano:
" A gente está trabalhando para ter uma qualidade de crédito no agro bem expressiva. As novas concessões de crédito dessa carteira já estão levando em consideração novos modelos de risco.
O BB teve lucro líquido ajustado de R$ 37,9 bilhões no ano passado, alta de 6,6% frente a 2023. O retorno sobre patrimônio líquido (RSPL) " indicador que mede a capacidade de uma empresa em lucrar por meio de seus recursos " chegou a 21,4% no período.
Considerando apenas o último trimestre do ano, o lucro líquido ajustado foi de R$ 9,6 bilhões, o que indica avanço de 1,5% frente ao mesmo trimestre de 2023. Já a carteira de crédito ampliada fechou dezembro de 2024 em R$ 1,3 trilhão, aumento de 15,3% na comparação em 12 meses.
Para 2025, o banco vai convocar mil servidores aprovados no último concurso. Tarciana disse que há ambição do BB de "crescer muito mais que o mercado" na concessão do consignado privado. Em janeiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo apresentaria proposta de reformulação do consignado para trabalhadores no setor privado.
" É uma linha revolucionária mesmo. Quando eu olho a média na taxa de crédito pessoal no mercado, há pessoas que acessaram a 8% ao mês, podendo tomar um crédito consignado com taxa de juros muito mais atrativa. Tenho certeza de que vamos ter muitos brasileiros com ganho real de renda " disse Tarciana. (Ana Flávia Pilar)