Especialista recomenda trocar dívida mais cara
No evento em que assinou a medida provisória que cria o Crédito do Trabalhador, o presidente Luiz ...
No evento em que assinou a medida provisória que cria o Crédito do Trabalhador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o trabalhador precisa usar o novo crédito consignado para aumentar o patrimônio, e não para gastar ou pagar outro empréstimo. A recomendação de especialistas, no entanto, vai na direção oposta.
Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), explica que o ideal é usar a nova modalidade de crédito, que tem taxas mais baixas, para quitar dívidas mais caras:
" O que Lula quer é que as pessoas usem esse empréstimo para consumir e fazer a economia girar. Mas o que eu recomendo é usar esse empréstimo para se livrar de dívidas mais caras.
R$ 1.735 a menos
O crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada já existia, mas era restrito a grandes empresas que têm convênios com bancos específicos.
A pedido do GLOBO, a Anefac fez uma simulação sobre o quanto seria possível economizar ao aderir ao Crédito do Trabalhador para quitar dívidas mais caras, como no cheque especial ou no rotativo do cartão de crédito.
A Anefac considerou a taxa atual de juros do consignado disponível para trabalhadores de grandes empresas, que é de 40,8% ao ano, e um prazo de 12 meses para o empréstimo. Pela simulação (veja infográfico ao lado), um empréstimo de R$ 5 mil pode ficar R$ 1.735 "mais barato" do que no cheque especial.
Hoje, o crédito consignado do setor privado conta com cerca de 4,4 milhões de contratos ativos, totalizando mais de R$ 40,4 bilhões em recursos, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Com a nova modalidade, a estimativa, em até quatro anos, é que cerca de 19 milhões optem pelo novo modelo, movimentando mais de R$ 120 bilhões em empréstimos.
Oliveira avalia o novo crédito consignado como positivo tanto para os bancos, por conta da garantia, quanto para os consumidores, em função das menores taxas de juros:
" O crédito consignado para o setor privado já existe, mas não tinha muita competição. No modelo lançado hoje (ontem), passa a haver uma competição entre os bancos, com cada um deles oferecendo uma taxa. Isso vai ser muito positivo. É o tipo de produto que é bom para todo mundo, os bancos têm a garantia do salário, e o consumidor vai ter acesso a uma linha de crédito muito mais barata.
Por meio do aplicativo da Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital), os interessados poderão solicitar propostas de crédito diretamente às instituições financeiras habilitadas pelo governo. Para isso, será necessário autorizar o acesso a dados como nome, CPF, margem salarial disponível para consignação e tempo de empresa.