Após tratar do fgc com grandes bancos, bc ouve pequenos
O Banco Central (BC) vai realizar novas reuniões com dirigentes de bancos ao longo desta ...
O Banco Central (BC) vai realizar novas reuniões com dirigentes de bancos ao longo desta semana, após o líder da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, ter se encontrado no sábado com dirigentes de Bradesco, Itaú, Santander e BTG Pactual. Foram discutidas possíveis mudanças no Fundo Garantidor de Crédito (FGC), segundo informou o Valor. Agora, o foco deve ser instituições de menor porte.
Na manhã de hoje, Galípolo se reúne com Rubens Menin, dirigente do Banco Inter, na sede do BC em São Paulo. O diretor de Política Monetária do BC, Nilton José Schneider, recebe ali representantes do Citibank pela tarde, segundo informação confirmada pelo GLOBO.
A reunião extraordinária de sábado, em São Paulo, também contou com Daniel Lima, diretor-presidente do FGC, também foi à reunião de sábado, no prédio do BC na Avenida Paulista. Os banqueiros trataram de possíveis alterações em uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre o funcionamento do fundo, constituído com contribuições obrigatórias dos bancos para garantir aplicações de pessoas físicas até R$ 250 mil em caso de crise ou liquidação de um deles.
Entre essas aplicações estão CDBs com altos rendimentos como os do Banco Master, cuja aquisição pelo Banco de Brasília (BRB) por R$ 2 bilhões depende de aprovação do BC. Embora tenha até 360 dias para analisar, o tema vem ocupando a agenda de Galípolo há uma semana por estar ligado à saúde financeira do FGC e a segurança do sistema bancário do país, num sinal de que a autoridade monetária busca uma definição rápida.
No sábado, Galípolo e representantes dos bancos também falaram sobre a venda do Master ao BRB, um banco público controlado pelo governo do Distrito Federal, que não envolveria ativos menos líquidos do Master, como ações e precatórios. Segundo o Valor, os quatro grandes bancos privados ficaram de analisar a compra desses ativos.
O BC não informou o que foi discutido, apenas afirmou que "realiza periodicamente reuniões com integrantes do Sistema Financeiro Nacional para tratar de assuntos referentes à estabilidade financeira".
O balanço de 2024 do Master mostra patrimônio líquido de R$ 4,7 bilhões e uma concentração de vencimentos de CDBs de clientes até junho que somam R$ 7,6 bilhões. Pela operação em análise no BC, o BRB assumiria 58% do capital total do Master, mas não seria o controlador, ficando com 49% das ações com direito a voto. Agências de classificação de risco manifestaram cautela em relação ao negócio.
O Master cresceu rapidamente oferecendo CDBs com taxas de até 140% do CDI, patamar acima do mercado, tendo como atrativo a garantia do FGC. No entanto, se for obrigado a honrar parte dos compromissos do Master, o FGC pode ficar fragilizado e por em dúvida a segurança do sistema bancário no país. Por isso seria interesse do BC e dos grandes bancos resolver logo a questão.
Luis Miguel Santacreu, analista de instituições financeiras da Austin Rating, avalia que o caso Master não impõe um risco sistêmico ao setor financeiro do país, mas a proporcionalidade de um eventual socorro do FGC poderia consumir cerca de 43% do valor depositado em seu cofre.
" Depósitos ao FGC cumprem uma regra relativa ao tamanho de cada banco, com porcentagem sobre a massa dos depósitos de clientes. Quem contribui mais são os grandes bancos, mas todos pagam a apólice desse seguro para que se resolva o problema de um carro batido " ilustra.