Carne de búfalo ganha adeptos com abate precoce

Muitas pessoas têm receio de consumir carne de búfalo, com a ideia de que o animal é selvagem e pode ter a carne dura, mas os pecuaristas encontraram uma maneira de driblar essa resistência. Cresce a produção de búfalos com abate precoce para garantir uma carne mais leve e macia.
Em Mato Grosso do Sul, o empresário Daniel Borges Daniel criou a marca Búfalo Beef MS, de hambúrgueres, linguiça e cortes de carne bubalina para churrasco. Ele cria os animais em Bodoquena (MS), e o abate é feito por um frigorífico parceiro. A carne é processado em uma fábrica de Daniel.
Os animais da Búfalo Beef são abatidos precocemente, com até 24 meses de idade, bem antes dos 36 convencionais. Com isso, o produto ganha valor agregado e se torna uma carne premium, técnica que Daniel conheceu em uma viagem para a Itália:
"A gente desmama com dez meses de idade, castra e vai para engorda. Entre 1,5 e 2 anos de idade fazemos o abate.
Apesar de vender o produto apenas nos arredores de Campo Grande (MS), a Búfalo Beef atrai interesse de outros estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, e até de fora do Brasil, como Dubai e EUA, segundo Daniel.
O produtor afirma que a empresa ainda não consegue atender essa demanda, pois precisa aumentar as operações para ganhar escala e poder solicitar protocolos que permitam a venda para outras regiões. Por enquanto, a companhia tem dois anos e produz 2 mil quilos por mês.
No Rio Grande do Sul, um dos maiores produtores de carne de búfalo do Brasil, a prática de abate precoce também está em expansão. Segundo Raphael Gonçalves, produtor rural e vice-presidente da Associação Gaúcha de Criadores de Búfalos (Ascribu), tradicionalmente, os animais iriam para abate com 30 a 36 meses, porém, de três a quatro anos para cá, a verticalização e o abate precoce estão atraindo novos produtores.
"Criadores estão entrando e para trabalhar com búfalo jovem. A maioria dos criadores gaúchos de búfalo é para produção de carne, diferentemente de São Paulo e Minas Gerais, que focam no leite e derivados " diz Gonçalves, que cria búfalos em Rosário do Sul, São Gabriel e Portão.
A presidente da Ascribu e vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB), Desireé Möller, ressalta que outro atrativo é que o búfalo é resistente ao carrapato e, por isso, tem baixo consumo de medicamentos. Pecuaristas estão trabalhando para conseguir certificar a produção como orgânica:
"A carne de búfalo tem 11% mais proteína, 40% menos colesterol, 55% menos calorias, 10% mais minerais e duas vezes mais ferro do que a de boi.