Na turbulência sob trump, como investir no exterior?
As Bolsas americanas, o dólar e os papéis do Tesouro dos EUA, conhecidos como os investimentos ...
As Bolsas americanas, o dólar e os papéis do Tesouro dos EUA, conhecidos como os investimentos mais seguros do planeta, estão passando por uma crise de confiança. O tarifaço do presidente Donald Trump provocou a volatilidade mais extrema da história recente dos mercados, e a percepção de risco de investir nos EUA disparou.
O índice S&P 500 acumula queda de mais de 6% neste ano. Estrategistas alertam que aplicar nas Bolsas dos EUA ainda trará risco nos próximos meses, mas aconselham diversificar os investimentos no exterior, especialmente na Europa. Mas ressaltam que, no longo prazo, os ativos americanos não perderam o papel de porto seguro.
" A volatilidade vai seguir nos próximos seis meses e, talvez, durante o governo inteiro de Trump. O objetivo do presidente é uma mudança mais ambiciosa do que negociar tarifas mais altas com a China. Ele quer realinhar a maneira como os Estados Unidos se posicionam " diz Luciano Telo, executivo-chefe de investimentos para o Brasil no UBS Global Wealth Management.
Ele não recomenda se desfazer do que já está aplicado nos EUA, mas observa que recursos extras podem ir para Bolsas europeias:
" Está em curso um deslocamento de dinheiro para a Europa, e esse movimento tende a seguir nos próximos seis meses ou mais.
Para Nicholas McCarthy, diretor da área de estratégias de investimentos do Itaú Unibanco, os EUA não devem entrar em recessão, mas sua economia vai desacelerar. Ele avalia que este é um momento para aprender que diversificação internacional não significa somente investir nos EUA, pode incluir Europa, Japão e países emergentes:
" O mundo estava alocado demais nos Estados Unidos e passou a pensar em mais ativos, mas não é para deixar o país. É para aumentar os investimentos no restante do mundo com o dinheiro marginal.
ETFs e fundos são opções
McCarthy não indica nem aumentar nem diminuir os investimentos nos EUA:
" Nesses momentos de volatilidade, é melhor não fazer muita coisa. Não acho que a Bolsa dos Estados Unidos é um lugar ruim para estar, mas talvez ela patine ainda.
Para Renato Santaniello, chefe de alocação e mercados internacionais da Santander Asset, os EUA continuarão a ser uma potência, mas receberão menos fluxo de dinheiro, "porque o mundo está questionando a concentração de alocação que existia nos Estados Unidos e investindo de forma mais diversificada."
Para manter uma parte da carteira lá fora, ele recomenda comprar fundos de investimento no exterior que busquem acompanhar o índice MSCI World:
" Não indico concentrar as aplicações nas empresas de tecnologia dos Estados Unidos agora, porque outros papéis podem render mais. Recomendo investir no exterior diversificando essa carteira em diferentes regiões.
Opções para o brasileiro investir no exterior não faltam. Uma forma fácil e barata é comprar ETFs, fundos negociados em Bolsa que acompanham índices de mercado europeus e americanos, o que pode ser feito na B3.
Além disso, bancos e corretoras vendem fundos de investimento no exterior. Outra opção é abrir uma conta em uma plataforma de investimento no exterior.