O bandido ‘giuliano da caatinga’
Finalmente, a minissérie "Guerreiros do sol", produzida pelo Globoplay ainda em 2023, deve ...
Finalmente, a minissérie "Guerreiros do sol", produzida pelo Globoplay ainda em 2023, deve estrear no dia 11 de junho. Ambientada nas décadas de 1920 e 1930, a série tem 45 capítulos e se inspira em Lampião (aqui com um exemplar do GLOBO) e sua companheira, Maria Bonita, por meio dos personagens Rosa (Isadora Cruz) e Josué (Tomás Aquino). O folhetim contou com a consultoria de Frederico Pernambucano de Mello, 77 anos, um grande especialista em cangaço. O historiador, que escreveu um texto para o elenco, é autor do livro "Guerreiros do sol: violência e banditismo no Nordeste do Brasil", de 1985, com prefácio de Gilberto Freyre.
O "Rei do Cangaço", desde que ele e seu bando foram mortos em um massacre na Grota de Angico, em Sergipe, em 1938, vem tendo sua imagem romantizada por alguns, mesmo tendo cometido assassinatos em série, estupros, extorsões e sequestros em sete estados da região. Na versão idílica, Lampião seria vítima de uma época em que os "coronéis", membros da elite agrária, detinham o poder " inclusive com o uso da força.
Essa louvação ao cangaceiro é popular entre os cordelistas. Numa feira nordestina, é ainda hoje capaz de haver mais cordéis com afeição a Lampião do que " acredite " ao Padre Cícero (Padim Ciço para os seguidores), outra figura mítica da região. Há também, no meio erudito, quem diga que Lampião foi uma espécie de Bandido Giuliano da caatinga. O italiano Salvatore Giuliano (1922-1950), tema de um famoso filme de Francesco Rosi, em 1962, também trazia nas costas homicídios, extorsões e sequestros. Ainda assim, era visto por muitos como protetor dos pobres e defensor da Sicília, já que defendia a independência da ilha em relação ao continente. Há controvérsia.