A novela da casa geyer, no cosme velho

Não chega a ser, claro, como a Catedral de Milão, cujas obras demoraram quase seis séculos. Mas o Rio coleciona projetos que andam a passos de cágado " como a duplicação da subida da Serra de Petrópolis (os trabalhos começaram em 2013), o Teatro Villa-Lobos (fechado desde 2011, após um incêndio) e a nova sede do MIS, em Copacabana (cujas intervenções se arrastam desde 2011).
Uma outra novela carioca, entre tantas, é a transformação, no Cosme Velho, da antiga residência do casal Paulo e Maria Cecília Geyer " ele faleceu em 2004, e ela, em 2014 " num museu destinado a abrigar o acervo de mais de quatro mil peças reunidas pelos mecenas, hoje sob a guarda do Museu Imperial de Petrópolis.
Para funcionar, a Casa Geyer precisa, naturalmente, de obras de acessibilidade, adequações às normas do Corpo de Bombeiros, além da instalação de sistemas de climatização compatíveis com um acervo de tamanha relevância. As intervenções, sob responsabilidade do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), foram interrompidas por falta de recursos em 2024.
Diante disso, Frank Geyer Abubakir, neto do casal, ingressou com uma ação na Justiça pedindo que a União viabilize a criação do museu. Na petição, o empresário afirma que a Casa Geyer "representa mais do que a vontade íntima de um casal de manutenção de um legado" e que o projeto está relacionado à "conservação memorial da História brasileira e ao acesso à arte e à cultura".
Outros atores desse remake " o Ibram e até mesmo alguns membros da família Geyer " parecem ter feito votos de silêncio. Mas deixam no ar a impressão de que as coisas podem estar andando. Vamos torcer! Vamos cobrar!
Fernanda Pontes