Guerra comercial afeta cadeia de suprimentos global
O conflito comercial entre Estados Unidos e China está rapidamente se transformando em uma ...
O conflito comercial entre Estados Unidos e China está rapidamente se transformando em uma disputa sobre cadeias globais de suprimentos, à medida que as duas nações limitam o compartilhamento de tecnologias críticas.
Na semana passada, os Estados Unidos suspenderam algumas vendas para a China de componentes e softwares usados em motores a jato e semicondutores, em resposta a restrições de Pequim sobre a exportação de minerais usados na indústria.
Essa guerra das cadeias de suprimentos, que se soma às sobretaxas mútuas, alarmou empresas que dizem não conseguir fabricar seus produtos sem componentes vindos de ambos os países.
" As guerras de cadeias de suprimentos, sobre as quais especulávamos há anos, estão acontecendo agora " disse Liza Tobin, ex-assessora de Segurança Nacional da Casa Branca e atual diretora-gerente da consultoria de riscos Garnaut Global.
A tecnologia de motores a jato e os sistemas de navegação de aviões vêm majoritariamente dos EUA, desenvolvidos por empresas como General Electric. Na tentativa da China de construir uma concorrente viável à Boeing, por exemplo, foi necessário obter tecnologia de motores da GE Aerospace.
Mas um motor a jato também não pode ser fabricado sem a China. Minerais processados naquele país são essenciais para revestimentos especiais e componentes.
Pequim restringiu a exportação desses minerais, as terras-raras, em abril, depois do tarifaço do presidente Donald Trump.
Em maio, a Ford fechou temporariamente uma fábrica em Chicago depois que um de seus fornecedores ficou sem ímãs de terras-raras.
Em resposta, os EUA suspenderam licenças que permitiam a empresas americanas exportar tecnologia aeronáutica para a China, além de outras relacionadas a biotecnologia e semicondutores, segundo fontes.
A batalha pela cadeia de suprimentos vem sendo travada há anos. E ambos os países vêm tentando se proteger contra o controle de bens estratégicos pelo outro, diversificando suas fontes de abastecimento.
Daniel H. Rosen, cofundador da consultoria Rhodium Group, lembra que Pequim reconheceu, anos atrás, que as terras-raras seriam centrais para tecnologias avançadas e subsidiou a expansão dessas reservas. Os EUA, segundo ele, "subestimaram gravemente" a demanda por esses materiais.
A China extrai 70% das terras-raras do mundo, mas realiza o processamento químico de 90% delas. O país também fabrica mais de 80% das baterias do mundo, mais de 70% dos carros elétricos e cerca da metade do aço, ferro e alumínio global, segundo dados da Agência Internacional de Energia.
Garantir um fornecimento alternativo exigiria, provavelmente, que os Estados Unidos investissem centenas de bilhões de dólares, afirmou Rosen:
" Vai ser caro. Temos um longo caminho pela frente.