Invepar e mubadala suspendem negociação de dívida
As conversas entre a Invepar e sua principal credora, a Mubadala Capital, estão congeladas a ...
As conversas entre a Invepar e sua principal credora, a Mubadala Capital, estão congeladas a poucos dias de uma assembleia de acionistas que deve encaminhar a dona das concessionárias do aeroporto de Guarulhos e da Linha Amarela para uma recuperação judicial (RJ) de R$ 670 milhões.
Na última conversa entre as partes, a Invepar propôs acordo para suspender o fluxo de pagamento das dívidas por seis meses " mecanismo conhecido como standstill. A proposta foi rechaçada pela Mubadala, que detém cerca de R$ 325 milhões em debêntures (títulos de dívida) da Invepar. Segundo fontes a par das negociações, a Mubadala considera que a Invepar decidiu unilateralmente aplicar um calote aos credores, sem chamá-los à mesa de negociação. Desde então, as partes cessaram a comunicação direta.
O standstill seria uma alternativa à RJ, considerada por observadores como destino iminente da Invepar. Em 16 de maio, a empresa obteve medida cautelar na Justiça que lhe concedeu um mês de proteção contra credores, até que decida se pedirá ou não a RJ. Os quatro acionistas da Invepar " os fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa), além da Monte Capital " se reunirão quinta-feira para bater o martelo.
O movimento da Invepar marcou um ponto de inflexão em sua relação com a Mubadala, que detém 51,5% das debêntures da companhia e já participou de sete reestruturações da dívida. (Em 2021, em uma dessas operações, o fundo quitou R$ 1,8 bilhão em dívidas em troca de 100% do Metrô Rio.)
A cautelar na Justiça foi uma resposta à decisão da Mubadala de decretar o vencimento antecipado da dívida da Invepar por falta de pagamento. Como consta nas atas das assembleias de credores, a Invepar não repassou aos credores o valor obtido com a venda de sua fatia remanescente no VLT Carioca à CCR " transação de R$ 97 milhões . Cerca de R$ 30 milhões desse valor deveriam ter sido usados para amortizar debêntures, segundo fontes que acompanham o caso. A Invepar também deixou de repassar aos credores fatia de 70% das receitas mensais da Linha Amarela.
Foi a primeira vez que a Invepar deixou de pagar os credores " movimento que, segundo fontes, surpreendeu a Mubadala. Interlocutores do fundo dizem que, desde então, a Mubadala tem tido dificuldades para se comunicar com o comando da Invepar " cujo conselho de administração passou por mudanças de composição neste ano " e até com os fundos de pensão que controlam a empresa. Por isso, a Mubadala entende que a RJ acabará sendo caminho salutar, pois tem regras definidas, disseram as fontes.
À Justiça, a Invepar relatou, por sua vez,que houve um "recrudescimento surpreendente e injustificável da postura negocial da Mubadala." Fonte próxima ao comando da Invepar diz que a percepção da companhia é que, embora estivesse no seu direito contratual, a Mubadala antecipou as dívidas com o objetivo de forçar a venda de ativos com deságio, sem considerar que a companhia ainda se recupera dos impactos da pandemia.
Procurada, a Mubadala disse que "não recebeu qualquer proposta de nova negociação" e que "a dívida, com vencimento original em 2018, foi renegociada sete vezes". A Invepar disse que "segue trabalhando na busca de soluções e para a melhor composição dos interesses junto aos credores."