Ações do fleury sobem com notícia de possível união com rede d’or
As ações do Fleury dispararam ontem 15,19% com a notícia de que há negociações para unir a ...
As ações do Fleury dispararam ontem 15,19% com a notícia de que há negociações para unir a operação da rede de laboratórios à Rede D’Or. No fim do dia, os papéis da empresa encerraram em alta de 14,51%, a R$ 14,89, enquanto os da rede hospitalar subiram 0,40%, alcançando R$ 33,02. Conforme antecipou no domingo o colunista do GLOBO Lauro Jardim, as conversas estariam acontecendo entre a Rede D'Or e o Bradesco, maior acionista do Fleury.
Em fato relevante publicado na manhã de ontem, o laboratório afirmou que "analisa constantemente as condições do mercado", mas que "não há qualquer decisão da sua administração, tampouco quaisquer compromissos ou documentos celebrados com a Rede D’Or, vinculantes ou não, tendo por objeto uma potencial operação".
A empresa disse também que "voltará a comentar o assunto, caso seja concretizado qualquer fato que deva ser divulgado, na forma da lei e da regulamentação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários)".
Compra da SulAmérica
Já a Rede D'Or comunicou ao mercado que "está permanentemente avaliando oportunidades de expansão de suas linhas de negócio, inclusive por meio da aquisição de participações ou combinação de negócios com outras empresas do setor" mas deixou claro que ainda "não há decisão, proposta ou documentos" sobre operação com o Fleury.
A Bradesco Seguros informou em nota que o tema deve ser tratado diretamente com as partes envolvidas.
Com mais de 500 unidades em 13 estados, o Fleury tem quase R$ 7 bilhões em valor de mercado, enquanto a Rede D'Or soma R$ 75,3 bilhões.
A rede de hospitais tem expandido seu negócio há alguns anos. Em 2022, adquiriu a SulAmérica Seguros. Dois anos depois, firmou uma joint venture " empresa criada a partir da parceria de duas ou mais companhias " com a Bradesco Seguros, formando a Atlântica D’Or, que investiu em três hospitais: em Macaé, no Norte Fluminense, e Alphaville (Barueri), Guarulhos e Campinas, em São Paulo.
Caso se concretize, a união entre Rede D'Or e Fleury irá fazer frente à parceria entre Amil e Dasa, que criou o segundo maior grupo de hospitais do país.
Em relatório, o BTG Pactual afirmou que a operação "faria muito sentido". Segundo o banco, a rede hospitalar tem uma presença ainda pequena no setor de diagnósticos " que representa cerca de 20% do total de demandas médicas dentro do mercado de saúde privada.
"Um acordo como esse não apenas expandiria seu mercado de atuação, mas também aumentaria sua vantagem competitiva, reforçando seu ecossistema, aumentando a captação de pacientes e direcionando mais volume dos hospitais para uma rede de diagnóstico em potencial", aponta o relatório assinado pelos analistas Samuel Alves e Maria Resende.
Na visão do Goldman Sachs, o Fleury pode se beneficiar de uma eventual gestão sob a Rede D'Or, com melhores condições para compras de bens e serviços " especialmente de materiais " e com uma estrutura de despesas gerais e administrativas mais enxuta.
‘Operação estratégica’
O relatório do banco, assinado pelo analista Gustavo Miele, sinaliza que o negócio seria uma iniciativa da Rede D'Or para "aumentar sua participação na jornada do paciente", indo da atenção primária à hospitalização.
Para o Citi, a operação é "potencialmente bastante estratégica" para complementar o ecossistema da Rede D’Or com a operação do Fleury.
Em relatório do analista Leandro Bastos, o banco ressalta que o Bradesco poderia ser um facilitador na negociação, já que é o maior acionista do Fleury, um dos maiores clientes da Rede D’Or e parceiro da rede hospitalar na Atlântica D’Or, o que "poderia eventualmente servir como veículo para uma potencial operação".
"Embora relativamente pequena em termos de escala para a Rede D’Or, vemos méritos em fortalecer o mercado endereçável da companhia no segmento de diagnósticos, possivelmente com as marcas âncora/premium da Fleury, ao passo que uma eventual operação também poderia abrir caminho para sinergias naturais de escala, como compras e racionalização de despesas gerais", diz o documento.