Martes, 05 de Agosto de 2025

‘Criptos de dólar’ já negociam muito mais do que o famoso bitcoin

BrasilO Globo, Brasil 4 de agosto de 2025

As chamadas stablecoins, ativos digitais atrelados principalmente a moedas fiduciárias " ...

As chamadas stablecoins, ativos digitais atrelados principalmente a moedas fiduciárias " notadamente as criptos de dólar " já representam uma fatia relevante do ecossistema de criptoativos global. Atualmente, 90% de todas as stablecoins emitidas no mundo são de dólar " daí a denominação informal "cripto de dólar", mas há também de euro, yuan e real. A capitalização de mercado soma US$ 270 bilhões, com estimativas de US$ 3,7 trilhões até 2030, segundo o Citigroup.
No fim de 2024, as transferências com stablecoins atingiram US$ 720 bilhões " um recorde histórico para um único mês. Em maio de 2025, o número de investidores ultrapassou os 160 milhões no mundo, mais do que todos os correntistas de J.P. Morgan, Bank of America, Wells Fargo e Citibank, os quatro maiores bancos dos EUA, somados. Diariamente, o volume transacionado com esses ativos supera o do Bitcoin, a criptomoeda mais conhecida.
As stablecoins são criptomoedas lastreadas em ativos reais, que além de moedas, podem acompanhar commodities, como ouro, por exemplo, originalmente concebidas para serem "moedas estáveis", mas não são moedas propriamente ditas, tampouco garantidas como estáveis, alertam especialistas. Para lançar uma stablecoin, o emissor (normalmente entidade privada) precisa ter uma reserva em ativos "reais" equivalente aos números de criptos (tokens) lançadas no mercado.
EUA APROVAM MARCO LEGAL
Os Estados Unidos aprovaram este ano o Genius Act, marco legal para stablecoins privadas, exigindo transparência, reservas 1:1 e auditoria externa. No Brasil, o uso é crescente, e o Banco Central já abriu consultas públicas para a regulamentação. Em abril de 2023, o BTG Pactual foi o primeiro a entrar nessa seara, e outras instituições, como o Itaú, estão se movimentando no mesmo sentido. Segundo André Portilho, sócio do BTG e fundador da plataforma cripto Mynt, as criptos de dólar são parte de movimento evolutivo:
" Da moeda de prata ao papel pintado com lastro em ouro, depois sem lastro em ouro, até chegar ao Pix, o dinheiro é vivo, evolui com a tecnologia. As stablecoins são só mais um capítulo de transformação.
Essas criptos são muito utilizadas para remessas internacionais mais baratas (não há incidência de Imposto sobre Operações Financeiras, o IOF), para pagamentos transnacionais mais rápidos, proteção cambial contra inflação e inclusão de "desbancarizados" em países sem um sistema financeiro desenvolvido.
A maior stablecoin lastreada em dólar (daí o apelido "cripto de dólar") é a USDT, emitida pela empresa global Tether, seguida da USDC, da americana Circle. Juntas, as duas emissoras detêm mais títulos americanos do que países como a Alemanha, o que mostra o peso desses ativos no sistema financeiro.
Para se ter uma ideia do crescimento na procura dessas criptos de dólar, o volume negociado de USDT no Brasil cresceu 32% e chegou a quase R$ 10 bilhões em junho. Já no idos de 2023, as movimentações dos brasileiros com USDT e USDC chamavam a atenção da Receita. Em seu último relatório (o único com dados oficiais), o órgão identificou que, somadas, as transações correspondiam a 86% do volume total mensal, enquanto o Bitcoin ficava com meros 4%. Em novembro daquele ano, a Receita suspendeu a divulgação dos dados.
Gustavo Cunha, planejador financeiro, estudioso do universo cripto e fundador da Fintrender.com, destaca o histórico inovador dessas duas stablecoins. A USDT, por exemplo, nasceu em meados da década de 2010 para resolver um problema da Bitfinex, uma das maiores plataformas cripto da época, em seu relacionamento com bancos tradicionais.
PORTA DE ENTRADA
Cunha diz que a "a solução veio em forma de inovação", já que a USDT permite transferências em dólar sem recorrer aos bancos "analógicos" a cada transação:
" Cada vez que alguém queria comprar ou vender um criptoativo com dólar, era necessário acessar o sistema bancário, uma interface frágil, lenta e sujeita a interrupções.
Já a USDC " uma stablecoin já em conformidade com questões regulatórias, segundo relatório do Nubank, é o segundo criptoativo mais popular entre os usuários de sua plataforma: representa 25% das primeiras compras no aplicativo, atrás apenas do Bitcoin.
" As stablecoins são uma porta de entrada estratégica para o universo cripto, especialmente para quem busca dolarizar seu patrimônio de forma simples e de baixo custo " diz Thomaz Fortes, diretor da unidade de cripto do Nubank.
Dados do banco cripto Bitybank mostram que 50% de toda a movimentação na plataforma já ocorre via criptos de dólar " uma alta de 160% em 12 meses.
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