Após a crise, americanas pede desconto até no aluguel de lojas

Dois anos e meio após protagonizar uma das maiores fraudes contábeis da Bolsa brasileira, a Americanas ainda enfrenta dificuldades para pagar as contas " até mesmo o aluguel. A varejista acaba de pedir, por exemplo, descontos nos valores de lojas em capitais de Nordeste e Sudeste.
O fundo imobiliário Max Retail aceitou reduzir de 41% a 58% o aluguel de imóveis de sua carteira ocupados pela Americanas em Vitória, Belém e Maceió. O desconto valerá por um ano e vai aliviar o caixa da Americanas em quase R$ 1,6 milhão no período.
"A iniciativa da renegociação partiu da dificuldade financeira apresentada pela locatária, e a decisão da classe em conceder descontos temporários visa, por mera liberalidade, evitar a rescisão dos contratos e fomentar a continuidade das atividades empresariais da locatária nos imóveis", justificou o fundo.
varejista: só cinco lojas
Grande parte das receitas do Max Retail vem da locação de lojas para a Americanas, e o fundo está, inclusive, entre os credores da varejista. No seu último relatório gerencial, o fundo observou que a Americanas também não tem feito a manutenção dos imóveis.
O pedido de desconto no aluguel é reflexo de uma companhia que ainda tenta reorganizar seu balanço desde que entrou em recuperação judicial por causa do escândalo contábil. Embora tenha divulgado lucro líquido de R$ 8,28 bilhões no ano passado, a cifra é resultado do efeito contábil da reestruturação de suas dívidas. As receitas caíram 2,8% em 2024.
Este ano, nos primeiros quatro meses, as vendas brutas da Americanas cresceram 14,2% no conceito "mesmas lojas" " que desconsidera variações no tamanho da rede. Mas a companhia segue reduzindo o total de unidades. No primeiro trimestre, fechou 26 lojas, registrando em abril 1.561 unidades. Antes da fraude, ela chegou a ter mais de 2,3 mil lojas.
Em nota, a Americanas diz ter cerca de 1.500 lojas físicas, das quais apenas 5 são do fundo Max Capital. Segundo a varejista, a negociação "busca atualizar os aluguéis cobrados em relação à desvalorização dos pontos ocupados, devido ao baixo tráfego de consumidores". A empresa diz que a situação teria gerado evasão de outros comerciantes. E afirma que a manutenção a que o fundo se refere é de responsabilidade do proprietário, por se tratar de obra estrutural. "A Americanas informa que está cumprindo rigorosamente o processo de Recuperação Judicial", afirmou.