Bndes lança edital para investir r$ 5 bi em ‘fundos verdes’
O BNDES lançou ontem o edital para selecionar fundos de ...
O BNDES lançou ontem o edital para selecionar fundos de investimento em empresas que receberão aportes de até R$ 5 bilhões somados, com foco em negócios ligados à transição para uma economia de baixo carbono. É a maior chamada para investimento em fundos da história do banco, informou a instituição.
Como as regras do edital preveem a captação também de recursos privados, a estimativa é que a iniciativa atrairá mais R$ 13 bilhões, mobilizando o total de R$ 18 bilhões em investimentos diretos nas empresas.
Batizado de Chamada de Clima, o edital de seleção faz parte da estratégia de retomada dos investimentos da BNDESPar, a empresa de participações societárias do banco de fomento. Em junho, o BNDES anunciou que investiria R$ 10 bilhões até o fim deste ano em ações de empresas " metade em participação acionária direta e metade via fundos.
Segundo um comunicado, o edital prevê a entrega das propostas até 20 de outubro. Podem se inscrever projetos de criação de fundos ou fundos já existentes, mas cujos recursos estejam em captação, ou seja, que ainda estejam recebendo aportes de investidores interessados. O resultado está previsto para janeiro de 2026.
Seleção de sete fundos
Poderão se inscrever, informou o BNDES, projetos de fundos ou fundos já existentes que invistam em empresas que atuem em: transição energética e ecológica; tecnologia para agricultura verde; descarbonização; reflorestamento, agroflorestas, manejo florestal sustentável e silvicultura regenerativa; e preservação e recuperação de ecossistemas e biodiversidade.
Segundo o banco de fomento, foi feito um "mapeamento de mercado" para identificar o apetite de investidores por instrumentos financeiros "voltados à agenda climática". "Gestores globais já manifestaram interesse em investir em projetos no Brasil, desde que a BNDESPar atue como investidora-âncora dos fundos", informou o BNDES, em nota ao GLOBO.
O objetivo do edital é selecionar sete fundos, em duas linhas. Na primeira, são cinco de private equity, que investem com a estratégia de comprar fatias de empresas, para influenciar na gestão. Essa linha ficará com R$ 4 bilhões dos valores a serem investidos pelo banco de fomento, com o limite de R$ 1 bilhão por fundo. Além disso, o aporte do BNDES não poderá passar de 25% do patrimônio total do fundo escolhido.
Em outra linha, são dois fundos de crédito, cujo objetivo é investir em títulos de dívida, como debêntures, ou recebíveis emitidos pelas empresas. Eles terão um total de R$ 1 bilhão, com um limite de R$ 500 milhões por fundo. O aporte do BNDES não poderá passar de 50% do patrimônio total.
Segundo o comunicado, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, avaliou que a seleção de novos fundos "tem o potencial de transformar a carteira de fundos da instituição" e "reforça o compromisso histórico do banco e do governo do presidente Lula com a sustentabilidade ambiental".
R$ 8,4 bi investidos
A estratégia de manter uma carteira de fundos de investimento é tradicional no BNDES. O objetivo é chegar a empresas de menor porte, como startups de tecnologia.
Nesse modelo, os editais selecionam administradores e gestores, normalmente bancos de investimento, gestoras de recursos ou corretoras que já atuam no setor. Os vencedores então montam o fundo e captam mais recursos junto a investidores privados, o que tem sido praxe nas regras de seleção do BNDES.
"O apoio do BNDES por meio de fundos amplia o acesso das empresas ao capital e crédito de longo prazo, estimula melhorias de gestão e dinamiza o mercado de capitais", diz o comunicado do banco.
Atualmente, o BNDES tem R$ 8,4 bilhões investidos em fundos, cujo patrimônio total, quando somados os recursos de investidores privados, chega a R$ 36 bilhões.