Lucro de planos de saúde sobe 157% no 1° semestre
Planos de saúde médico-hospitalares encerraram o primeiro semestre de 2025 com lucro ...
Planos de saúde médico-hospitalares encerraram o primeiro semestre de 2025 com lucro operacional de R$ 6,3 bilhões, um aumento de 157% na comparação com o mesmo período do ano passado e o maior desde 2021. Já o resultado líquido, que também considera a remuneração das aplicações financeiras das operadoras em meio a altas taxas de juros, alcançou R$ 12,4 bilhões, 143% acima do registrado nos primeiros seis meses de 2024. Os dados foram divulgados ontem pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Além do resultado operacional, representado pela diferença entre a receita recolhida com as mensalidades e as despesas assistenciais, comerciais e administrativas, os ganhos financeiros também impulsionaram os bons resultados das empresas. Em um cenário de alta da taxa básica de juros (Selic), hoje em 15% ao ano, os investimentos das operadoras vêm crescendo: no primeiro semestre de 2024, eram R$ 119 bilhões, patamar que alcançou R$ 130 bilhões em junho deste ano. O resultado foi um retorno de R$ 6,8 bilhões no período, aumento de 55,4% em relação ao primeiro trimestre de 2024.
Considerando todo o setor " operadoras médico-hospitalares, odontológicas e administradoras de benefícios ", a remuneração financeira ajudou o lucro líquido das empresas a alcançar R$ 12,9 bilhões nos primeiros seis meses desse ano, valor que já é superior ao total observado pelo setor em todo o ano de 2024.
" Na composição do resultado líquido, o resultado financeiro sempre esteve muito acima do resultado operacional. Foi o que equilibrou as contas do setor no pós-pandemia e que contribuiu ainda mais em 2024. Estamos chegando praticamente metade-metade, e é isso que explica no final do dia o resultado líquido " explicou Washington Alves, gerente de Habilitação e Estudos de Mercado da ANS.
Entre janeiro e junho, operadoras de planos de saúde médico-hospitalares " principal segmento do setor " acumularam R$ 187 bilhões em receita, a maior parte, cerca de R$ 166 bilhões, das mensalidades pagas pelos usuários.
Sinistralidade cai
A taxa de sinistralidade " fatia da receita das operadoras usada para custear a assistência aos usuários " ficou em 81,1% no primeiro semestre, 2,7 pontos percentuais abaixo do registrado no mesmo período do ano passado e o menor índice registrado para um 1º semestre desde 2018 " à exceção de 2020, quando a sinistralidade foi ainda mais baixa em razão dos efeitos da pandemia.
" Os números do primeiro semestre de 2025 mostram um resultado histórico para a saúde suplementar: aumento do resultado operacional, redução da sinistralidade e manutenção de receitas financeiras robustas. Esse conjunto de fatores contribui para a sustentabilidade econômico-financeira do setor, o que é fundamental para garantir a continuidade da assistência a mais de 50 milhões de beneficiários " analisou o diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS, Jorge Aquino.
Para a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa as maiores operadoras do setor, os dados são positivos, mas o resultado representa apenas uma recuperação após "margens negativas por quase três anos". A entidade também destacou que em 262 operadoras, 33% do total, o resultado operacional fechou no vermelho.
"Para consolidar esses resultados de maneira sustentável, o setor precisa voltar a crescer, algo que não ocorre há dez anos. E para crescer o setor depende muito da evolução do mercado de trabalho formal, já que a grande maioria dos planos de saúde é empresarial, oferecida aos trabalhadores pelos seus empregadores", disse em nota o diretor-executivo da FenaSaúde, Bruno Sobral.
PEQUENAS E MÉDIAS
A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), que representa a maior parte das operadoras, destacou que cerca de 40% das operadoras registraram resultados operacionais negativos, principalmente "pequenas e médias operadoras responsáveis por levar saúde de qualidade para regiões fora dos grandes centros financeiros do país".